sábado, 13 de maio de 2023
SUBINDO A JATUARANA
quarta-feira, 19 de abril de 2023
PESSOA(L)MENTE
sexta-feira, 7 de abril de 2023
SEXTAS- FEIRAS SANTAS FORAM TANTAS...
Tempo de parar para meditar, tempo
de cuidar-se, deixando de lado a correria e voltar para dentro, para o
interior, para nosso interior e engajar-me no poder da oração que nos conecta conosco
mesmos, nossas crenças, nossa vida diária e nossa vontade de melhorar um pouco
cada dia... Ao me recolher, ao conectar-me, inevitavelmente, algumas lembranças
lá da infância martelam minha mente, sem perturbar a paz...Longos anos atrás....
Tempo em que o ano se dividia para mim em antes e depois da Sexta-Feira Santa, Dobry
piątek, um dia muito marcante naquele interior do planalto catarinense.
“Na Sexta-Feira Santa, eu lhe
procurei, fui à sua casa, mas não lhe encontrei”, era a música de minha
infância e adolescência.” Aquelas sextas férias Santas que em nosso meio
familiar, como em toda a comunidade de educação polonesa, nem se ouvia música
profana. Ouviam-se, sim, aquelas músicas
que lamentavam a condição humana, de homem pecador. Lembro-me bem de uma música
cuja letra dizia “Pecador agora é tempo de pesar e de temor. “ Deixando bem que
todos eram pecadores, e que tínhamos que lutar, pois havia, claramente uma
briga entre a carne e o espírito (The flesh and the soul como no poema da puritana
americana Anne Breadstreet). Tudo girava
em torno do pecado e da penitência. O jejum era certo para toda a família e o
dia ficava bem plongado, como aquelas batidas do sino. Deixar de ir à igreja,
jamais!!!! Na Vila de Bateias de Baixo, havia adoração desde madrugada. À tarde
eram as cerimônias mais longínquas e pesadas. Mas ninguém da vila ousava faltar.
Lembro-me de pessoas vindo de longe, agricultores de todos os arredores. Muitos
ficavam do lado de fora, porque a igreja local não suportava todos que queriam
participar das cerimonias de Jesus Morto. Havia aquelas leituras da paixão, bem
completas, prolongadas, com vários leitores representando personagens do
evangelho. Depois vinha a via-sacra em procissão pela estrada de barro ou macadamizada.
A cada estação parava-se, para ajoelhar-se nas pedras e pedregulhos soltos da
estrada. Eu me perguntava se era só eu que sofria com dores no joelho contra as
pedras da estrada. Ninguém sofria de problema no joelho ou na coluna? Ou faziam
de conta que se ajoelhavam, mas não tocavam o chão? De alguma forma havia uma
fé que lhes foi transmitida. Fé e certa disciplina ou certo temor, afinal era
tempo “de pesar e de temor”. O que consideramos hoje práticas não virtuosas,
eram pecados Quando a procissão acabava,
já quase no escurecer do dia, entrava-se na igreja para dar um ósculo em Jesus
morto e depois, finalmente voltar para casa.
No sábado já se podia cantar
qualquer música, podia-se comer carne e não se precisava mais ir à procissão. Era só preparar o ninho que o coelhinho
vinha na certa. Coelhinhos e ovinhos de Chocolate do Buschle e cascas de ovos
coloridos recheados de amendoim ou castanha caramelizada. Sempre valia ter
passado pela prolongada Sexta-feira Santa.
domingo, 15 de janeiro de 2023
Um poema de Penn Kemp traduzido por Miguel Nenevé
Rose A Rose Rose,
Dante knew,
leads you through
Paradise,
a walled and
trellised
garden
I thrive on you rose,
your word arousal
from earth up
you rose
and still
you spring
LEVANTOU-SE UMA ROSA (tradução Miguel Nenevé)
A Rosa, Dante
sabia,
te guia pelo
Paraíso,
um jardim
cercado
com treliças
Eu me inspiro em você
aflorando
da terra
rosa, estímulo
à palavra
você se levanta
e salta
em prima-
vera
----------------------------------
primeiramente publicado na RILE – Revista Interdisciplinar De Literatura e Ecocritica CA, v. 4, n. 1, p. 117-118, Jan., 2020
terça-feira, 20 de dezembro de 2022
pós leitura
Por que não escrevi
para ti
Por que não li
teu olhar
na hora
por que só percebi
depois de muita demora
que havia um convite
no seu olhar recolhido
no seu rosto encolhido
eu senti somente
quando voce
ja estava ausente
???
Por quê
Quem vai saber.....?
sábado, 25 de junho de 2022
DO AMOR A ESTEREÓTIPOS, A PRECONCEITOS E AO MANIQUEÍSMO: minha crônica publicada na página CRONICÁLIA (de Vitor Hugo Martins) em 23 de junho de 2014
domingo, 29 de maio de 2022
Pinheiro Seco
A imagem recorrente nessa noite passada, entre um sono e outro, entre um sonho e outro era de um pinheiro seco lá no Pirizal, interior do planalto catarinense. Dormia e acordava e a imagem do pinheiro seco, entre tantos outros verdes, estava ali, se destacando, chamando-me a atenção, despertando interesse e curiosidade. Por que aquele quadro vinha com tanta frequência à minha mente nessa noite?
O pinheiro estava em pé la no Pirizal. Firme, alto e altivo entre outros, mas estava seco. Não tinha nenhum sinal de verde e parecia não ter sinal algum de vida. E eu olhava para ele e me perguntava se estava me convidando a pensar sobre vida e morte. Nenhum sinal de liquido vivaz correndo pelas veias ou pelas seivas...O vento tocava nele, mas não produzia nenhum som, nenhum assobio, nenhum sibilar nenhum sussurro, como acontece quando toca o pinheiro verde. Depois lembrava entre o sonho e som, do pica-pau que adorava um pinheiro seco. E o picapu produzia um são mais seco, não tão musical. O pinheiro seco responde ao pica-pau e além do som, ele oportuniza a criação e a vida de muitos insetos que por sua vez alimentam a vida dopassarinho. Sim, sei.. São outras vidas que ocupam a corpo do pinheiro, não é mais a árvore que está vivendo. Mas como negar que há vida no pinheiro, como negar que o pinheiro sustenta outras vidas?
E vieram as interrogações noite adentro. Aquela imagem me fez interrogar sobre minha vida, sobre o que faço agora, sobre a imagem. Sou um pinheiro seco, descolorido que já não oferece verde para a floresta? Será que isso me apavora? Não há mais frutos a produzir, não mais sementes a oferecer para o meio ambiente em que vivo?
Eu poderia aceitar a ideia de estar ali, alto, altaneiro, ereto, mas seco, ficar ali somente para oferecer abrigo aos insetos, que por sua vez dão vida aos passarinhos que por sua vez vão levar alegria á floresta?
Será que o temor de ser um pinheiro seco é o temor de não ser tão percebido, de não ser mais visto pelo verde vistoso que veste muitas árvores ? Será que é um medo de não poder ajudar a embelezar o ambiente onde habito?
Será que o medo de ser pinheiro seco é medo de só servir, sem ser visto? O medo de só ajudar outras vidas sem receber elogios, de ser imperceptível, embora ajude outras vidas a animar o ambiente?
Depois de tantas perguntas, comecei a pensar que a imagem do pinheiro seco nessa noite, foi a imagem de meus antepassados presentes ali, dando vida, alimentando, ajudando a animar, a colocar anima, alma, no nosso ambiente embora não percebamos. Nossa tendência é esquecê-los, mas estão ali. Por isso sua imagem me visitou com tanta frequencia nessa noite que passou.
Com esta reflexão eu me animei e agradeci aos pinheiros secos que tão presentes continuam a alimentar vidas.