sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Leonard Cohen - sou fã - para sempre

Melhor que chorar é curtir sua poesia, sua música e seus romances.

                                                      If it be your will/ that I speak no more/ that my voice be still/ as it                                                       was before/ I will speak no more...I will abide until I am spoken for

O primeiro contato que tive com o escritor, poeta e compositor Leonard Cohen foi por meio do romance The Favourite Game. Sim, muito antes de conhecer suas músicas, conheci este livro que me foi doado pela Embaixada do Canadá, antes de eu vijar pela primeira vez para o pais. Isso, para muitos, deve ser absurdo. Como não conhecia a música de Leonard Cohen, somente romances e depois uns poemas!!? Como? Pois é, eu poderia perguntar, entre brasileiros comuns que nao moraram e nem viajaram ao Canada se conhecem sua música. Ou ainda mais difícil pergunta: conhecem seus romances The Favourite Game e Beautiful Losers? Creio que não. Há quem conhecendo suas composições aqui no Brasil, pensa que  Cohen é um americano.

Conheci suas composiçoes, seus poemas e sua música somente ao visitar o Canadá. E por meio de um canadense,  grande admirador de Cohen fui gostando e curtindo sempre mais suas composições, seus poemas, seus romances. Cheguei naquele estado qme que a gente quer conhecer tudo do autor. Revivo agora, num apartamento pequeno em Toronto, em 1994, sozinho ouvindo musicas poemas como "If it be your will", "Mariane", "Hey that´s no way to say goodbye", "Suzanne,", Halleluya" "I am your man", e tantas outras......
Hoje com a notícia de sua morte estou curtindo todas as suas músicas.


domingo, 21 de agosto de 2016

Chove em Curitiba

nada de novo, eu sei
mas meu coração regado
de lembranças de ti,
é notícia de última hora.

o frio e a solidão
aquecem
minha imaginação
de tempos recentes
que não existia nada
entre eu e você
somente Nós.
Sobre a poeta P. K. Page, publicado já há algum tempo na Revista PRESENÇA, da Unviersidade Federal de Rondonia.

http://www.revistapresenca.unir.br/artigos_presenca/11miguelneneve_umacanadenseapaixonadapelobrasil.pdf


REVISTA DE EDUCAÇÃO, CULTURA E MEIO AMBIENTE- Març.-N° 11, Vol I, 1998 1

 UMA CANADENSE APAIXONADA PELO BRASIL: UMA LEITURA DE THE BRAZILIANJOURNAL DE P. K. PAGE K. PAGE Miguel Nenevé * Miguel Nenevé *

 Resumo: Diferente dos livros de literatura de viagem que apresentam o país estrangeiro com olhos imperiais minimizando a terra e o povo que vive ali, Brazilian Journal convida o leitor a ler o Brasil através de um olhar curioso e poético. Cada momento oferece uma nova descoberta, uma nova visão de beleza. Embora o livro seja em forma de diário, a autora não fala muito dela mesma, mas do Brasil cheio de alegria e beleza visto com olhos poéticos.

 Palavras – Chave : Beleza, Descoberta, Diário e Poético.

Abstract : Unlike travel literature books that present the foreign country with eyes Imperial minimizing Earth and the people who lives there, Brazilian Journal invites the reader to read the Brazil through a curious look and poetic. Every moment offers a new discovery, a new vision of beauty. Although the book is shaped like a diary, the author doesn't speak much herself, but do Brasil full of joy and poetic beauty seen with eyes. KeyWords: Daily Beauty, Discovery, and Poetic.


Em 1957 a canadense Patrícia Kathleen Page veio ao Brasil para acompanhar o marido Atrhur Irwin que fora nomeado embaixador do Canadá. P.K. Page já era reconhecida como poeta no Canadá, tendo inclusive recebido prêmio pelo livro The Metal and the Flower. Chegando ao Rio de Janeiro a então capital brasileira, Page iria se encantar com o Brasil. Ali era pararia de escrever poesia para retornar somente dez anos depois. Mas no Brasil ela começaria a pintar. No Brasil também ela escreveu um diário que serviu de base para o livro

 REVISTA DE EDUCAÇÃO, CULTURA E MEIO AMBIENTE- Març.-N° 11, Vol I, 1998 2

Brazilian Journal. Embora classificado como literatura de viagem, a obra contém muita linguagem poética e agradável. Neste artigo pretendo explorar Brazilian Journal como uma declaração de amor ao Brasil. Diferente dos livros de literatura de viagem que apresentam o país estrangeiro com olhos imperiais minimizando a terra e o povo que vive ali, Brazilian Journal convida o leitor a ler o Brasil através de um olhar curioso e poético. Cada momento oferece uma nova descoberta, uma nova visão de beleza. Embora o livro seja em forma de diário, a autora não fala muito dela mesma, mas do Brasil cheio de alegria e beleza visto com olhos poéticos. Quando fala de nossa beleza natural, por exemplo, ao descrever a praia de Ipanema: "The beach was beautiful --- Slightly hazy. Black, Brown, White Brazilians in futebol sweaters, kicking the bal about in the thick, soft, sand;" (A praia está linda --- levemente brumosa. Pretos, mulatos e brancos brasileiros em camisa de futebol chutando a bola na areia grossa e macia.) Percebe-se então que a prosa de Page carrega a sensibilidade poética revelada em muitas ocasiões. Falando de Florianópolis, a autora diz: "A lovely drive. Ali along the beautiful coast tumbling, tangling vegetation, sweeping beaches, little island and great smooth round stones in the sea... (Uma viagem maravilhosa. Sempre ao longo do lindo litoral --- vegetação emaranhada e revolta, praias se arrastando, pequenas ilhas e grandes pedras lisas e redondas no mar). Como na sua poesia, no Journal, os passarinhos também aparecem freqüentemente "pulando de alegria". As palmeiras do Brasil por sua vez, muito "esbeltas e elegantes". A observação da beleza natural, no entanto, não faz com que a escritora deixe de perceber o povo que ali habita sua cultura e seu viver. Ela revela ter uma mente aberta e sem preconceito para admirar o jeito de ser dos brasileiros. O seu reconhecimento de sua condição de "outsider" é importante para que ela nunca faça generalizações e julgamentos que possam diminuir o valor do povo que aqui vive. “Portanto, mesmo revelando-se um pouco colonialista ao apresentar o Brasil como ‘um paraíso tropical”, a autora está longe de julgar o país com olhos "superiores" como era muito comum a escritores de viagem nessa época. Page revela uma grande disposição para aprender sempre mais, ouvindo o povo, participando de tudo o que pode para poder imergir-se na cultura brasileira. Assim, o povo brasileiro desempenha importante papel em seu livro. Logicamente que sendo uma mulher de embaixador, o primeiro contato que autora tem com o povo brasileiro ficam restritos aos seus empregados e autoridades políticas. Seu interesse em conhecer o país, no entanto, faz com ela visite museus e igrejas cheios de arte onde ela aprende um pouco da história e cultura brasileira. Ela fica conhecendo famosos artistas já falecidos e vivos. Não pode esconder, por exemplo, sua admiração por Portinari que ela "cumprimenta com um tipo de olho especial" . A autora também ouve música brasileira, vê nossos filmes e comenta sobre eles, vai a estádio de futebol para se entusiasmar com todo o movimento que permeia uma partida de futebol. Ao lermos o seu livro podemos perceber que sempre que possível ela estava conversando com as pessoas e aprendendo sobre o Brasil. O seu interesse em aprender o nosso idioma logo no início revela sua vontade de imergir-se melhor em nossa cultura. Diferentemente de outros estrangeiros vivendo no Brasil naquela época, ela logo começa a usar o português em todas as ocasiões. Na realidade ela critica estrangeiros que passam anos aqui sem interesse em aprender nossa língua e nossa cultura. Page critica, por exemplo, os americanos que vêm ao Brasil só pelo trabalho e lucro, mas que depois de muitos anos não têm aprendido nada sobre o Brasil: "Next Day another session of the North American community. Very, very tiresome. It's as if they have no eyes. For them Brasil is nothing but a series os smells - ali unpleasant!"(No próximo dia outra sessão com a comunidade norte-americana. Muito, muito cansativa. Parece que eles não têm olhos. Para eles o Brasil não é nada mais que um cheiro desagradável!). O leitor pode sentir que às vezes a autora trata o Brasil como se fosse seu próprio país sentindo-se ofendida com aqueles que o olham como se fosse uma terra de povo inferior. Em outra ocasião, por exemplo, ela critica o espírito colonizador de um empresário britânico no Rio Grande do Sul: "Our Brites hosts were astonishing by everything. They had lived there twenty three years as if on the point of returning "home" and so had taken little interest in the local people or sights. The manager's wife, in fact spoke hardly a word of Portuguese..."(Nossos hóspedes britânicos estavam assustados com tudo. Eles tinham vivido ali vinte e três anos já quase retornando para "casa" e tinham tido pouco interesse no povo e na paisagem local. A esposa do gerente falava malmente algumas palavras em Português). Depois de ouvir dos britânicos que no Brasil não há nem crânio nem energia suficiente para dirigir uma empresa, a autora reafirma sua repulsa contra atitude colonial dos britânicos emo que uma grande percentagem de britânicos tenha esta atitude em relação ao Brasil". Ela lembra depois que esta atitude não é encontrada somente entre britânicos, mas também entre canadenses. Ela diz que no escritório canadense havia um estenógrafo que desprezava os brasileiros "que nem eram brancos". Quando a autora teve que fazer uma cirurgia, a estenógrafa diz: "Estou surpresa que você não fará a operação em casa. Deve ser horrível pensar que tem que ir a um hospital brasileiro." Depois de relatar isso, a autora faz a sua conclusão: "O preconceito não morre com facilidade". Brazilian Journal fornece ao leitor uma série de comentários que mostram como o autor se opõe à visão que considera um povo como inferior ao outro. Seu livro revela que há muitos estrangeiros que detestam o Brasil, mas vivem aqui por que aqui está seu "Bread and butter" ou por que aqui há lucro melhor do que "em casa". Muitas dessas pessoas com mente colonizadora não seriam nada "em casa", mas aqui num país economicamente inferior, julgam-se superiores aos brasileiros. Até a atitude do ministro canadense para Assuntos Externos é criticada. Sobre ele, em visita ao Brasil, Page diz: "Eu suspeito que ele se deu melhor aqui do que em seu país onde a gabolice conta menos". A mulher do ministro por sua vez não demonstrou nenhum interesse pelo Brasil e provavelmente "não pode aprender nada sobre o Brasil". Este amor de Page pelo Brasil, no entanto não é ingênuo. A autora observa o país com mente aberta, sem preconceito, mas o critica também quando acha necessário. Por exemplo, ela denuncia o fato de nunca ter visto um negro em festa social. A má distribuição de renda também não lhe agrada. Infelizmente, diz ela, o Brasil tão alegre forma "um mundo onde os ricos são muito ricos e os pobres muito pobres". Esta crítica não significa que ela se julga na posição de julgar o país ou tratar como inferior ao Canadá. Pelo contrário, quando fala do povo Brasileiro ela confessa que ele é mais alegre e mais festivo e mais livre que o canadense. Amando a cultura do país, admirando o seu povo, reverenciando a sua natureza Page iria viver sempre mais a sua brasilianidade. Quando ele recebe a notícia que terá que deixar o país em 1959 por causa da transferência de seu marido para outro posto diplomático, ela proclama que não tem "nenhuma vontade de sair". Mais tarde ela diria: "porque nós somos brasileiros". Pode-se dizer, então, que Brazilian Journal é uma obra importante da
literatura canadense sobre o Brasil no tempo de Juscelino Kubitscheck. Todo o brasileiro que estuda literatura canadense ou brasileira como também história e cultura brasileiras, deve conhecer esta obra. É aqui que Page teve a experiência de liberdade e a "visão de beleza" como ela diz. Ela deixou o Brasil em  1959, mas o Brasil não deixou jamais a sua mente. Em sua poesia e prosa posterior o Brasil estará sempre presente. Escrevendo para mim em maio de 1997 a autora diz: "Indeed, my Brazilian Journal was a declaration of Love. I was very happy in your country and filled to the brim with the beauty" (De fato minha obra Brazilian Journal foi uma declaração de amor. Eu fui muito feliz em, seu país. Eu fui completamente inundada pela beleza).

*Miguel Nenevé. Professor Doutor do Departamento de Letras da UFRO.



 REVISTA DE EDUCAÇÃO, CULTURA E MEIO AMBIENTE- Març.-N° 11, Vol I, 1998 5

sábado, 6 de fevereiro de 2016

Cyril Dabydeen - meu artigo publicado em Leffa.

Artigo acessível pelo endereço seguinte:
http://www.leffa.pro.br/tela4/Textos/Textos/Anais/ABRAPUI_I_UFMG/literature_pdf/lit80.pdf

Amazon in the writing of Cyril Dabydeen 

 Miguel Nenevé
Universidade Federal de Rondônia

                 We discussed
                  how Caribbean Writers only look north,
                 And how maybe I’m a unique Among them (I want to believe)
                   Because of my interest In all of
                 South America ( Dabydeen, “Amazonia”)

 Cyril Dabydeen is an acclaimed Canadian poet and fiction writer. Although living in Canada for more than thirty years, Dabydeen keeps writing about his origin in the Republic of Guyana, the Amazon region. Unlike most of the writers of Guyana, Dabydeen does not explore much the Caribbean context, but the South-American myths and landscapes, as for example, one finds in his book Born in Amazonia. Amazonian voices mix with other voices in order to be heard in his poetry. In this presentation I would like to discuss the mixture of Canadian, Guyanese and South-American beliefs in Dabydeen's poetry, especially in Born in Amazonia. It seems that most of his origins are imaginary and invented origins, one needs to have in order to survive in country which is not his. Brazil seems to be present as the important neighbour which like any South-American country suffers from colonization. If Latin America and the Amazon are presented as ruins, or as a decadent region, one can say it is a noble decadence, something which one likes to remember, of which one is proud of belonging to.
 2 

In his book of poetry Born in Amazonia the author explores his worldview based on his South-American experience. At the first sight, the book, with its colored cover showing a picture of a supposed indigenous girl seems to be a work of travel writing written by someone who wants to the show the exotic image of the Amazon to the world. In fact the first time I saw the book in a shelf in Ottawa, and, as I was coming from Rondonia, I asked myself: “Who is this guy who assumes he can write about the Amazon? This could be just one more of those writers who writes about the Amazon just to denounce the “burning of the forest” or to warn about the destruction of the “World’s lungs” “the Green Hell” or to announce “the end of the Paradise.” However, coming closer to the work, by reading some of the poems, I could realize that the poet is somewhat deconstructing the traditional discourse on the Amazon. He reveals his connection to this region where his world of imagination began. In this aspect, the poet satirizes the stereotyped vision about the region. Moreover, the poetical text suggests a travel to the past in order to mold the present and to build a better and more beautiful future to the Amazon and its people. In this aspect, Born in Amazônia offers also a political reading once it subverts the media discourse and invokes the possibility of several visions of everything that was written about this region of the planet. For those of us who live in the Amazon, this work is an invitation to the reading and re-reading and a reflection about the myths, values and culture to be recovered. The Yanomamy Indians so much shown in the international Media appears here as with no perspective, other than just look to the sky in search for some help or at least search for an understanding of what is going on. The Indigenous group seems to be embodying the displaced environment of the Amazon people, of Brazil and its frontiers in Roraima and its memories, remembering a voice which is not heard, the Yanomamis’s voice. Yanomamis: The Yanomami Indian, too never really down under, never in erstwhile disdain Of the forest he has known all his life; Eyes riveted to an ancient sky 3 as Brazil continues to shape destiny (35) Brazil shapes the destiny, a destiny which was shaped long ago when the colonizers arrived and determined what kind of life the Indians would have. Born in Amazonia presents the poet’s worldview always grounded in his SouthAmerican origin and experience. The legend of the jaguar is associated with its “continuing myth-making in South America.” Rosettes of broken rings, black. Golden fur Surrounding. The spotted pelt pales Jaguar scratches more of a beast as it waits For the female to come along. Further growls, Mate-calls. The forest burnishes, the lair grows Suddenly hot.

 The animal jaguar is considered to be king of the South American rainforest, appears and reappears in the poems as if leaping from one page to another. The animal, Panthera onça is the largest and most powerful cat in the Americas, has its name derived from the Indian word "yaguar" meaning "he who kills at one leap." The Jaaguar poems mixes legends of South-American and Guyanese beliefs and experiences with the Canadian imagination. In the Amazon we live mystery and fantasy - gods, anthropomorphized animals and birds, chimera, phantasmagorical creatures - that posits out of the imagination some sort of explanation for the mystery. Humans and their fellow creatures live in a world of expectations, loss, nostalgia. The jaguar is sometimes a competitor to the men – something which reminds of the Borges’ story “La Escritura del Dios” when man is in a prison facing a jaguar The poet seems to keep reminding the reader that his small world is a part of a larger ones where the beliefs and myths meet. The large forested region of the Amazon.....

sábado, 16 de janeiro de 2016

Poema simples para celebrar 50 anos de futebol de irmãos.


Aos 50 Anos de futebol do CAN
                                               Em 09/01/2016 – Miguel Nenevé
“Tudo que sei sobre moralidade ou obrigação eu devo ao futebol” (Albert Camus – escritor francês )
                              
Amigos , prestem atenção
No que contarei a vocês
Foi no século passado
 Ano de sessenta e seis
Que o time do Pirizal
Reuniu-se pela primeira vez
E logo ficou conhecido
Como o time dos Nenevês

Um princípio bem singelo
Foi tomando dimensão
O time foi ganhando força
Dando exemplo de união
Por muitos ficou conhecido
Como “Time dos nove irmãos”

Mauro, Aldo, Nilton e Nelson
Os primeiros componentes
Junto com Antônio  José e Mário
E alguns vizinhos e parentes
Deram o impulso inicial
Pra levar o time em frente:

Um campo de futebol
Era uma coisa urgente
Logo todos se reuniram
Para plantar a semente
E começaram a trabalhar
Com um objetivo na mente
Ter um espaço para jogar
Livre e independente

O campo foi construído
Com esforço e valentia
Um trabalho em equipe
De união muito sadia
Depois do trabalho da roça
No final de cada dia
Para limpar a área
O grupo se reunia.

Mário, Angelo e  Mazinho,
Ivan,  Amauri e Vilmar
Miguel, Góio  e  sobrinhos
Passaram a integrar
Este grupo unido
Que vieram  reforçar



A este grupo agregaram-se
Outros parentes e vizinhos
Eram novos componentes
Seguindo  o mesmo caminho.
Também  amigos com a crença
Que esporte não se joga sozinho

Por todo este interior
De Santa Catarina e Paraná
O grupo nunca rejeitou
Um convite para jogar
E sempre acolheu a todos
No campo do Pirizal
Seja em jogo de campeonato
Ou apenas para treinar.

No ano de oitenta e um
Tiveram o apogeu
Participando de um campeonato
Que o município promoveu
Jogamos com nove irmãos
Mais o Antônio e o Tadeu

Exemplo de persistência
De muita força de vontade
Mais do que a vitória no campo
Valiam a união e amizade
Pois futebol é sobretudo
Uma grande irmandade
Quando se joga com respeito
Sem esquecer a lealdade

A todos que apoiaram
E que hoje aqui vieram
Ou que aqui já jogaram
E alegria trouxeram
Nosso reconhecimento
E um obrigado sincero
Isso podemos dizer

Como  orgulho vero

* Este poema foi escrito bem ao estilo do meu pai, Otávio Nenevé, justamente para lembrar dele que foi quem, apesar de não gostar de futebol, ajudou o time dos irmãos, seus filhos no início da formação do time...


terça-feira, 12 de janeiro de 2016

A Lingusitica, a escrita, a fala e a falha - Cronica publicada em PRIMEIRA VERSÃO

Esta crônica foi publicada em Primeira Versão, em outubro de 2010, resultado de um concurso de Contos e Crônicas promovido pela ADUNIR. Pode ser acessada tambem por este endereço: http://www.primeiraversao.unir.br/artigos_volumes/268_%20contos_.pdf


A linguística, a escrita a fala e a falha. 

Miguel Nenevé

O título desta crônica é mesmo uma alusão ao trabalho do respeitável Rajagopalan, linguista indiano radicado no Brasil e trabalhando pela UNICAMP há mais de dez anos. A Linguística que nos faz falhar provoca polêmicas discussões sobre língua, ensino da língua, preconceito e cultura. Gostaria de discutir sobre a linguística que nos faz falar e falhar. Mesmo meu propósito não sendo o mesmo do autor indiano, creio que este título me faz bem para o que quero sugerir. Ao adentrar o campus da UNIR, em um dia destes, pude ler, mesmo dirigindo, o anúncio em letras garrafais: “Congresso da ABRALIN – de 11 à 17 de setembro.” Sim o “a” estava craseado. O congresso reunia doutores em linguística de várias regiões do Brasil e até do exterior. Eram portanto, doutores em Letras. O cartaz provavelmente foi preparado por alguém que não é da área e não tem educação linguística. No entanto, não foi corrigido por ninguém. Isso me traz à mente muitos outros problemas relacionados ao nosso idioma que aparecem em anúncios na Universidade Federal de Rondônia. A data do vestibular, por exemplo,  vem sempre anunciada com “a craseado” antes do número que se refere ao dia.
 E assim, começo a observar o falar e o escrever em nossa instituição, principalmente de nossos professores. “Tu descreveu bem,” um professor doutor escreve para o outro. Então nem me refiro muito à língua falada que pode estar carregada de problemas gramaticais, mas a língua escrita, usada, muitas vezes em anúncios públicos. Uma vez entrei em sala de aula e me deparei com uma frase no quadro: “a dois meses não chove.....”, não sei se escrita por professor ou por aluno . Comentei com os alunos que a frase precisava ser revisada, e que deveria ter sido escrita assim: “há dois meses...” que neste caso devemos utilizar o verbo “haver.” Os alunos me responderam : “mas para a linguística não existe o errado, a linguística aceita tudo.”
 Pode parecer então que quem prima pela correção da linguagem, pela eficiência na comunicação é um conservador que não entende de linguística. Será? Isso sugere uma reflexão sobre o ensino da língua, da comunicação oral e escrita e da função da linguística. Em vez de dizer que “a linguística aceita tudo”, não seria melhor colocar em discussão o porquê da tendência em cometer estes erros, não desprezar a linguística, mas apontar para o uso culto da linguagem?
 Parece-me poder ser possível dizer que quem defende que toda a linguagem é correta, que a universidade deve se preocupar com coisas e causas mais nobres, está favorecendo o status quo, está sugerindo que saber bem a língua culta é algo para privilegiados e não para todos. Creio que é possível dizer também que é hora de discutir por que em nossa universidade agredimos tanto a língua portuguesa. É tudo culpa da linguística?

 Miguel Nenevé - Professor Associado do Departamento de Letras Estrangeiras. Atua como professor de Literaturas de Língua Inglesa no curso de Letras e como professor de Literaturas e Amazônia no Mestrado em Letras. Têm publicações nas áreas de Tradução, Estudos pós-coloniais, Literatura Canadense, Literatura de viagem sobre a Amazônia e Educação na Amazônia.