sexta-feira, 19 de julho de 2013

HAWAI O ESPÍRITO ALOHA, AS CONTRADIÇOES E O DESAPEGO E O MUNDO CAPITALISTA
                                   Rose  Siepamann[1]
Quando se menciona Havaí, normalmente se pensa no mais recente estado americano localizado no Pacífico que desperta nosso interesse pelo lindo cenário natural, pelo clima tropical suave, pela abundancia de praias maravilhosas e principalmente Pela fama por ser um local propicio para a prática de Windsurf. Minha recente visita ao local, no entanto me sugeriu outras reflexões e é sobre isso que quero escrever neste espaço. Quero falar sobre a cultura do povo polinésio, discutir valores e propor repensar algumas praticas. Comecemos então pelo indispensável  espírito “Aloha”....
“ Aloha”, na realidade  tem três ou mais significados: oi, tchau e “te amo” no sentido de irmandade, amor fraternal. Além destes significados comuns pode também pode significar estado de espírito, estar em contato correto com a natureza, estar de bem, estar em paz.  Isso nos estava explicando um nativo de uma das ilhas do Havai. Depois de passar alguns dias em Honolulu e ouvir repetidamente a palavra me convenci que aloha evoca o amor fraternal que tão em falta esta.
Embora, sabendo que as pessoas quando estão de ferias tendem a relaxar e automaticamente se comportarem de forma mais gentil e paciente, eu estava impressionada com o tanto de gentileza e paciência vista naqueles dias. Completos estranhos de muitos diferentes países e culturas  cumprimentando-se. Pessoas pacientes e sorridentes esperando nas gigantescas filas por uma mesa no restaurante ou pra pagar a conta no supermercado. Todos obedientes ao sinal vermelho pra cruzar as movimentadas ruas. Ninguém a xingar se um carro avança um pouquinho quando deveria dar a vez. Gentes de muitas nações parecem falar e entender a mesma língua, a língua do Aloha!
Na praia um casal me abordou pra me dar duas bóias que haviam ganhado de outras pessoas, a condição era que eu passasse adiante quando já não as quisesse. É o espírito do aloha, me disseram eles. No entanto, é preciso dizer que  o desapego e o consumismo caminham na mesma via. Um paradoxo! O comercio como em qualquer lugar badalado e muito grande e diverso e faz parecer que a gente precisa de tudo aquilo ou pelo menos algumas daquelas coisas para ser feliz. Quando em contato com a natureza, nas praias mais distantes ou nas montanhas, esse sentimento desaparece e o que eu sentia era o tamanho da minha pequenez diante de tanta perfeição natural, mar, árvores, montanhas e rochas desenhando paisagens que faz qualquer um respirar fundo para inalar um pouco de tanta grandeza.
Todos sabemos que o mundo anda cheio! Cada vez mais temos que dividir espaço com os da nossa espécie e da mesma forma competir para “conquistar nosso espaço”. Nunca somos suficientemente bons! Temos que estar em constante busca por melhor emprego, por mais dinheiro, por carros, celulares, televisores e roupas mais modernos. Amamos com condições, a maioria das vezes. Amamos nossos companheiros se eles se “comportam de maneira satisfatória”. Amamos mais os nossos filhos se eles estudam e tiram boas notas na escola. O espírito do Aloha que experimentei por alguns dias me fez repensar o “ser ou não ser”. Estaria eu, ou estaríamos nós, como ramsteres na gaiola correndo naquela rodinha de plástico sem chegar a nenhum lugar? Ou somos parte de algo muito maior? Ou tudo o que vemos e fazemos e parte de um grande plano? Seria super bacana se pudéssemos, mesmo sem estar de ferias, controlar nossas impaciências, nossas pressas, nossa intolerância! Viver como se acreditássemos que vamos morrer! Eu quase nunca me lembro que a morte e inevitável pra todos os vivos inclusive pra mim.
Por fim, o que de fato me motivou a escrever estas simples linhas foi a minha intrigante busca pelo amor fraternal. Aloha amigos





[1] Professora brasileira residente em Colorado nos Estados Unidos.