sábado, 13 de maio de 2023

SUBINDO A JATUARANA

SUBINDO A JATUARANA Devagar, porque não sei Onde quero ir Há entre mim e os meus passos Uma divergência instintiva Há entre quem sou e estou F Pessoa – A de Campos) Vamos então, mana, percorrer a Jatuarana! Subir a longa avenida, sentir o que há de vida. Agora no fim da tarde quando o sol já não arde nestas calçadas estreitas imprecisas ou mal feitas iremos apenas caminhar conhecer seus vários odores talvez até sentir dores da pessoa fatigada que já não sente nada , em pura anestesia o Eliot já advertia a cabeça na bandeja ah, que nunca seja esta minha canção nem aquela do Alfredo não revelarei segredo e nem pretendo fingir querendo apenas sentir a vida tenra e crua desta minha rua sem missão ou promessa nem pressão nem pressa apreciar os preços de lojas e seus adereços Ouvir o chamado de sereias “olha as blusas, calças, meias chegue!”, a moça diz sorridente cansada, meio inconsciente - Não, agora não preciso mas gostei de seu sorriso, um perfume de vestido me deixa meio perdido? subindo na contra-mão ruas e rimas sem razão? Passa um casal apressado conversando animado. várias vozes, velhas melodias nas múltiplas pizzarias - Hoje não, na semana que vem se estiver com alguém. outro rosto anestesiado espera o ônibus lotado Um cão perambulante caminha mais vibrante: há um resto de comida na sacola esquecida hum, a hora é chegada de soltar lixo na calçada entre atores e atrizes há os loucos felizes Imitando uma autoridade importante na cidade. Sobras de vidas ruas varridas vidas variadas Louvada seja a dúvida bendito o indeciso caminhante Narciso O que é mais nobre para a alma manter a mente calma para eludir a decisão ou iludir o coração? Já nem se quer saber o o que vai acontecer Uma mirada distante me deixa confiante para logo me perguntar: onde mesmo quero chegar? Será que perdi o rumo? Faz bem ouvir o Rumi “Continue a caminhar embora não haja lugar pra onde deva ir” Ali na próxima esquina talvez uma alma divina me traga inspiração para mudar de direção ou afogar-me em mil e quinhentos e tantos argumentos Viva a paisagem humana da avenida Jatuarana!

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