domingo, 29 de maio de 2022

Pinheiro Seco

  A imagem recorrente nessa noite passada, entre um sono e outro, entre um sonho e outro era de um pinheiro seco lá no Pirizal, interior do planalto catarinense. Dormia e acordava e a imagem do pinheiro seco, entre tantos outros verdes, estava ali, se destacando, chamando-me a atenção, despertando interesse e curiosidade. Por que aquele quadro vinha com tanta frequência à minha mente nessa noite?

O pinheiro estava em pé la no Pirizal. Firme, alto e altivo entre outros, mas estava seco. Não tinha nenhum sinal de verde e parecia não ter sinal algum de vida. E eu olhava para ele e me perguntava se estava me convidando a pensar sobre vida e  morte. Nenhum sinal de liquido vivaz correndo pelas veias ou pelas seivas...O vento tocava nele, mas não produzia nenhum som, nenhum assobio, nenhum sibilar nenhum sussurro, como acontece  quando toca o pinheiro verde. Depois lembrava entre o sonho e som, do pica-pau que adorava um pinheiro seco. E o picapu produzia um são mais seco, não tão musical. O pinheiro seco responde ao pica-pau e além do som, ele oportuniza a criação e a vida de muitos insetos que por sua vez alimentam a vida dopassarinho. Sim, sei.. São outras vidas que ocupam a corpo do pinheiro, não é mais a árvore que está vivendo. Mas como negar que há vida no pinheiro, como negar que o pinheiro sustenta outras vidas?

E vieram as interrogações noite adentro. Aquela imagem me fez interrogar sobre minha vida, sobre o que faço agora, sobre a imagem. Sou um pinheiro seco, descolorido que já não oferece verde para a floresta? Será que isso me apavora? Não há mais frutos a produzir, não mais sementes a oferecer para o meio ambiente em que vivo?

Eu poderia aceitar a ideia de estar ali, alto, altaneiro, ereto, mas seco, ficar ali somente para oferecer abrigo aos insetos, que por sua vez dão vida aos passarinhos que por sua vez vão levar alegria á floresta?

Será que o temor de ser um pinheiro seco é o temor de não ser tão percebido, de não ser mais visto pelo verde vistoso que veste muitas árvores ? Será que é um medo de não poder ajudar a embelezar o ambiente onde habito?

Será que o medo de ser pinheiro seco é medo de só servir, sem ser visto? O medo de só ajudar outras vidas sem receber elogios, de ser imperceptível, embora ajude outras vidas a animar o ambiente?

Depois de tantas perguntas, comecei a pensar que a imagem do pinheiro seco nessa noite, foi a imagem de meus antepassados presentes ali, dando vida, alimentando, ajudando a animar, a colocar anima, alma, no nosso ambiente embora não percebamos. Nossa tendência é esquecê-los, mas estão ali. Por isso sua imagem me visitou com tanta frequencia nessa noite que passou. 

Com esta reflexão eu me animei e agradeci aos pinheiros secos que tão presentes continuam a alimentar vidas.

 

Floripa, num banco à beira-mar


Numa tarde de outono
meio no abandono
eu vi um banco
a me esperar
para eu sentar
e só para espreitar
esta Maravilha.
Então pus a perguntar
como não amar
este mar
e toda esta ilha?
Enquanto quis descrever,
enquadrar o que via
numa fotografia
percebi que há muito mais
a beleza do mar
vai além
do que posso falar
ou do que os olhos vêem.
Do que podemos
Ah, mar!!!!
Escrito por Miguel Neneve

sexta-feira, 20 de maio de 2022

Os pinheiros secos

 A imagem recorrente nessa noite passada, entre um sono e outro, entre um sonho e outro era de um pinheiro seco lá no Pirizal, interior do planalto catarinense. Dormia e acordava e a imagem do pinheiro seco, entre tantos outros verdes, estava ali, se destacando, chamando-me a atenção, despertando interesse e curiosidade. Por que aquele quadro vinha com tanta frequência à minha mente nessa noite?

O pinheiro estava em pé la no Pirizal. Firme, alto e altivo entre outros, mas estava seco. Não tinha nenhum sinal de verde e parecia não ter sinal algum de vida. E eu olhava para ele e me perguntava se estava me convidando a pensar sobre vida e  morte. Nenhum sinal de liquido vivaz correndo pelas veias ou pelas seivas...O vento tocava nele, mas não produzia nenhum som, nenhum assobio, nenhum sibilar nenhum sussurro, como acontece  quando toca o pinheiro verde. Depois lembrava entre o sonho e som, do pica-pau que adorava um pinheiro seco. E o picapu produzia um são mais seco, não tão musical. O pinheiro seco responde ao pica-pau e além do som, ele oportuniza a criação e a vida de muitos insetos que por sua vez alimentam a vida dopassarinho. Sim, sei.. São outras vidas que ocupam a corpo do pinheiro, não é mais a árvore que está vivendo. Mas como negar que há vida no pinheiro, como negar que o pinheiro sustenta outras vidas?

E vieram as interrogações noite adentro. Aquela imagem me fez interrogar sobre minha vida, sobre o que faço agora, sobre a imagem. Sou um pinheiro seco, descolorido que já não oferece verde para a floresta? Será que isso me apavora? Não há mais frutos a produzir, não mais sementes a oferecer para o meio ambiente em que vivo?

Eu poderia aceitar a ideia de estar ali, alto, altaneiro, ereto, mas seco, ficar ali somente para oferecer abrigo aos insetos, que por sua vez dão vida aos passarinhos que por sua vez vão levar alegria á floresta?

Será que o temor de ser um pinheiro seco é o temor de não ser tão percebido, de não ser mais visto pelo verde vistoso que veste muitas árvores ? Será que é um medo de não poder ajudar a embelezar o ambiente onde habito?

Será que o medo de ser pinheiro seco é medo de só servir, sem ser visto? O medo de só ajudar outras vidas sem receber elogios, de ser imperceptível, embora ajude outras vidas a animar o ambiente?

Depois de tantas perguntas, comecei a pensar que a imagem do pinheiro seco nessa noite, foi a imagem de meus antepassados presentes ali, dando vida, alimentando, ajudando a animar, a colocar anima, alma, no nosso ambiente embora não percebamos. Nossa tendência é esquecê-los, mas estão ali. Por isso sua imagem me visitou com tanta frequencia nessa noite que passou. 

Com esta reflexão eu me animei e agradeci aos pinheiros secos que tão presentes continuam a alimentar vidas.