quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Lembrando Polônia

Froom Warsovia to Kielce by train
                               Miguel Nenevé

O professor Expedito Ferraz (UFPb), chama isso de “bônus da vida”. E a vida de vez em quando dá um bom bônus para a gente. É talvez um pagamento por alguma coisa, uma recompensa, ou não sei, mas algo que serve para dizer que vale a pena viver. Hoje eu ganhei um bônus e fiquei feliz como guri que ganha um presente e quer mostrar a todo mundo.
Na estação Central de de Warsovia  onde fui para comprar um bilhete para Kielce ninguém falava inglês, nem nas bilheterias nem nos “serviços de informação” . Consegui comprar o bilhete com poucas expressões em polonês que a vida ou minha mãe me ensinaram.  (Mas todas elas foram importantes).  Naquela estação central de  Warsovia ("Centralna"), cheia de pessoas, de trens, de Plataformas, de pistas, foi difícil descobrir onde embarcar para meu destino. Consegui o feito, porém, perguntando para um policial aqui, um outro lá....
Quando o trem chegou, entrei muito duvidoso se estava  tomando o trem certo , entrando no vagão certo, na cabine certa, o assento (OKNO) era o 96, eu tinha certeza. Entrei naquela cabine, sentei naquele assento e fiquei olhando, esperando a partida. De repente entrou uma linda mulher na mesma cabine. Eu logo fui perguntando se eu estava no local certo, no trem certo. Ela falava inglês e me respondeu  que o assento era o 96 mesmo, mas o vagão era outro, o 18 e não o 19. Eu fiz menção de sair e ela disse ,” mas se quiser pode ficar aqui.”  Fui ficando. Vi uns sinais em russo e quis saber se todo o mundo entendi a russo na Polonia. Aí começou a conversa. Aí que eu fui perceber a beleza inacreditável da mulher. Impossível, eu pensei, uma mulher tão linda, de extrema beleza,  tão próxima, tão simpática. As três horas e meia de viagem de trem, foram-se, voaram...Conversamos sobre livros, viagens (ela tinha ido a Australia e a Italia), tudo....E que mentalidade aberta, que visão de mundo que combina com a minha. Quando falei que meu nome era Miguel ela disse, Meu é “Michalina, que  coincidência””” No final , ainda disse que tinha tido sorte de me encontrar. Quando perguntei sobre o livro que trazia na mão, ela disse que era sobre como provocar impacto nas pessoas. Eu lhe disse: “você não precisa ler o livro, você tem que escrever um, você causou um impacto em mim, já estou adorando a Polônia.” E esta lembrança ressurge como uma boa música que parece permanecer em nossos ouvidos.