domingo, 24 de dezembro de 2017

Os Natais e os espinhos

                                                               M Nenevé

Sim, ´”é preciso tirar os espinhos da estrada, se não o velhinho do Natal não vem” dizia minha mãe.  Era isso que ouvia  quando eu era criança, guri criado no campo. Morando bem no interior de Santa Catarina, onde nem energia elétrica chegava, nossa casa era rodeada de pinheiros do tipo araucária, que continuamente derrubam suas “folhas” isto é os espinhos ou, como diziam alguns, a “grimpa” ou ainda o “sapé”. A coisa mais triste que poderia acontecer era o Papai Noel não poder chegar em nossa casa e não poder dar os presentes porque a estrada não estava limpa, porque havia espinhos no caminho. Então a tarefa dos meninos era tirar os espinhos que eram obstáculos para o Papai Noel. Depois ainda passava-se uma vassoura, daquelas feitas de ramos de árvore, a maioria das vezes de um arbusto chamado “camboim” para deixar tudo bem limpo mesmo.  Era uma tarefa árdua, mas valia a pena, pois a recompensa com certeza viria:  o Papai Noel chegaria sem nenhum obstáculo, sem ferir sem pés nos espinhos.

Hoje depois de tantos e tantos Natais vividos, celebrados, lembrados sinto que as recordações mais fortes são aquelas da “preparação para o Natal.” Alguém já disse que  o melhor da festa é a véspera e era isso que a gente sentia. Aquela expectativa do Papai Noel. A sua chegada era um sonho! Quanta arrumação na casa, quanta limpeza, quanto tempo investido para tudo ficar bem limpo, bem preparado para que o Papai Noel  aparecesse e gostasse, se agradasse de tudo. Como minha tarefa era “tirar os espinhos”, amontoá-losem um canto e queimá-los depois, esta é a lembrança que desce agora firme, mas suave como a chuva que escorre pela janela e parede nesta véspera de Natal chuvoso em Rondônia.

Esta memorável atividade de limpar o caminho também me proporciona outra reflexão, me estimula a pensar na metáfora dos espinhos. Que tipo de espinhos eu tenho que tirar hoje para que o Papai Noel chegue, para que o espírito de Natal realmente visite meu coração, para que habite mesmo em minha alma? Quais os espinhos mais duros, mais doloridos, que podem impedir que o velhinho chegue e não deixe que o Natal aconteça? Às vezes, no decorrer do ano, a gente vai deixando que alguns sentimentos ruins, algumas revoltas, algumas mágoas se endureçam. Elas se tornam espinhos se a gente não as eliminar enquanto estão maleáveis...E aí, se deixarmos o espinho no caminho....não recebemos o bom velhinho. Tirar os espinhos, perdoar o que incomoda, deixar agradável o caminho a perseguir. Aí, sim , o papai Noel e o Natal vem, com certeza.

"Sim, é preciso tirar espinhos". . A chegada da Vida de Esperança, da Confiança, do  Entusiasmo não podem ser impedida por causa de espinhos na alma, de sentimentos ruins. Sim  o esforço que fizermos para limpar a estrada, para tirar os espinhos, vale a pena.

Todos temos espinhos, sem dúvida, pois até a Rosa os tem. Saber achá-los, observá-lo e tirá-los do nosso caminho para que venha o espírito da paz, da alegria e da harmonia do Natal é a nossa tarefa. E que a tarefa de tirar os espinhos nos ajude a crescer na aprendizagem da vida.

                               Guajará-Mirim upon Mamore, on the the Christmas Eve.

quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

anjo implorante


Clamo
por nova
chama
para aportar
um sujeito
que ama.

Chamo forças
de todos os cantos
de vivos e mortos
para dar conforto
a um coração
....
E  a força maior
vem do interior
na minha solidão

A maior estrela
 posso ve-la
em tradução...
do que vivo
dentro de mim

a luz a brilhar
nem no céu
nem no mar
mas aqui
 no meu chão...

Esta é a força
que quero  manter
para vingar, crescer
junto ou sozinho
e aquecer...
meu sonho
meu ninho...
além e acima
do sim e do não.

sábado, 2 de dezembro de 2017

Quando a Polícia é mal preparada o sadismo se extrapola.



Não gosto de repetir conceitos reiterando que a policia é violenta, mal preparada e mal-educada. Longe de mim querer reforçar este discurso generalizador! Há vários exemplos de bom comportamento da polícia de um modo geral e de policiais de um modo particular. É inevitável reconhecer até certos casos de heroísmo entre estes policiais. A Polícia de modo geral dá mais segurança ao cidadão e revela espírito de solidariedade e respeito para com todos.  Gostaria, no entanto, de comentar fatos particulares, presenciados no interior de Campo Alegre, que revelam  policiais mal preparados e mal educados, sem  demonstração de bom senso.

No interior do município de Campo Alegre, mais comumente na comunidade de Bateias de Baixo, local de povo humilde e trabalhador alguns policiais de trânsito realmente se excedem no exercício de sua função. Talvez por menosprezar a inteligência do povo mais ordeiro, mais humilde e mais inocente, os policiais se julgam os donos do mundo, acima de toda a lei e imunes a qualquer punição.  Atitudes grosseiras, abordagens ríspidas e abrutalhadas parecem ser  comuns. E o revoltante é que quanto mais frágil aparentar a pessoa abordada mais animalesca e insultuosa é a abordagem. Sim, insultuosas abordagens.

Qualquer cidadã ou cidadão de bem é motivado a ficar muito revoltado com atitudes grossas e brutais na hora de abordagem.  Quando policiais tratam as cidadãs e o cidadãos de bem , antes de qualquer coisa, como se fossem criminosos, não há como não se revoltar.  Parece que a lei destes policiais é  “a principio todo mundo é bandido até que se prove o contrário.” E para provar que é inocente a cidadã ou o  cidadão tem que aguentar aquelas ordens esdrúxulas e estúpidas com extravagância de autoritarismo sem necessidade.   Isso ao menos o que presenciei no interior de Campo Alegre, em Bateias de Baixo. Talvez em outros locais, nas cidades onde os policiais não se julgam tão altos em sua autoridade isso não acontece. Mas deveria  deveria ser justamente o contrário: quanto mais humilde, mais visivelmente trabalhador o povo, a abordagem deveria ser o mais tratável possível. 

Ao observar policiais falando com brutalidade e dando ordens agressivas a uma mulher para que mostrasse todos os equipamentos de segurança do carro, eu me indagava: será que eles teriam coragem de falar desta maneira com um homem em na cidade? Ou pior: será que teriam coragem de falar assim com um bandido?  Qualquer pessoa de bom senso pode perceber quem é cidadão de bem.  No entanto, para estes policiais parece que quanto mais humilde e frágil mais eles tem o prazer de soltar sua  grosseria, indelicadeza e rudez. Se quem estiver ao volante  for mulher, as atitudes são mais agressivas ainda. Este tipo de  atitude  revela covardia, com certeza.

Não é necessário  ser psicólogo nem entendido em sociologia para saber que a violência gera violência ou no mínimo revolta. Um povo educado, trabalhador, do bem, recebendo  abordagens malcriadas, ríspidas e mal-educadas, é estimulado à revolta e desrespeito para com a polícia como um todo. Uma criança que observa o jeito que sua mãe ou seu pai foram tratados sem motivo algum, logicamente vai aprender cedo  que a polícia  é bruta, ignara e insultuosa. O treinamento destes profissionais deveria ser justamente motivado pela segurança do povo, para o bem estar da população pelo respeito aos cidadãos. Será que eles ouvem isso em seus treinamentos? Ou será que ouvem somente que têm que ser agressivos, boçais e malcriados, tratando todos como bandidos já na primeira abordagem?


Este nosso conhecido  “Paraíso da Serra”,  destino  de muitos visitantes que amam o seu clima e sua natureza , que apreciam a acolhida de um povo humilde e trabalhador , que admiram as suas montanhas  e trilhas ecológicas, e todo seu cenário é orgulho para todos. NO entanto, os visitantes podem ficar decepcionados com o comportamento de policiais enviados para esta região. Com certeza, todos, moradores e visitantes merecem uma polícia mais educada!
                                            (M Nenevé)

sábado, 25 de novembro de 2017

Alto lá!

Alto lá!
lá vem ela
 toda altiva
toda bela,
 toda diva
desmantelando
meu estado

Alço um
 voo alto.
Aciono  a crença
que ela voltará
depois da dor imensa
só cores vivas, 
intensas
Florescerão
E serão
 para nós

um verão...

quarta-feira, 22 de novembro de 2017

herança de você


Herdei
Muitas lembranças
de você
que ainda afago
Embora diga
 que quero te esquecer

Nada disso eu apago.
E o meu esforço
para desapegar-me
se esvai,
num desejo vago.

sexta-feira, 10 de novembro de 2017

MIRA A ESTRELA

Mira
sem ira
as estrelas
e admira
quem passa
por elas

Mira
e se inspira
nas escolhas
que te fazem
sorrir

Mira
e atira
somente flores
a quem vive
ao seu redor,
Enfeita o jardim
para mim
ou quem quer
que for...

Mira ,
 tão bela
a estrela!
não fira
quem para
para vê-la

quinta-feira, 9 de novembro de 2017

arriam-se as flores....

ariam-se as flores
com o peso do inseto
que quer um repouso
tranquilo, quieto

o jardim se arca
para outras vidas
machucam-se quebram
as flores sentidas.

arriam-se os sonhos
amarram-se os planos
arcam-se os desejos
de todos humanos..

Contigo hei de vencer: lembrando um pouco a escola


                                               Baseado em texto de Angelo Nenevê

" Escola querida de luz de prazer                                                                                                          Contigo na vida eu só hei de vencer                                                                                                             Um bom estudante eu sou com prazer
Irei sempre avante, sei ler e escrever"                                                                                                       
 Este foi um verso que a professora Vani passou. Autoria de quem? Nem lembro se me falaram o autor...Creio que não... Eu recitei estes versos. Era um poeminha que elogiava a escola e naquela época a gente não acreditava muito que a escola era “querida.” Por que querida se tínhamos que interromper brincadeiras para ir à escola, às vezes brigar com outros alunos? Por que querida se a primeira professora que tive punha medo na gente com castigos por pequenas coisas?. Acreditava que a aprendizagem se dava por medo...”Medo, medo, cada um gosta mais do seu segredo”, já dizia o Belchior. E eu tinha medo da primeira professora. Seus passos na sala, toc –toc – toc..quando se dirigiam para o meu lado me faziam tremer na base. Seria um castigo por algum erro que não sabia que tinha cometido? Ou seria que estava vindo ver se meu caderno estava limpo, bem arrumadinho e as letras bem bonitinhas?....Às vezes eu achava que as professoras exageravam no cuidado com a caligrafia e nem observavam o conteúdo do que escrevia..

A primeira professora também assustava quando ia fazer a “revista”. Ai de quem estivesse com as orelhas sujas...Além de apanhar era humilhado e mandado ir ao banheiro para se lavar. E quem era filho da roça que saía direto do trabalho e ia para a escola? Às vezes até todo enfumaçado daquelas queimadas nos meses de inverno....Estas coisas faziam com que a escola não fosse querida....E que eu não estudasse com tanto prazer..

Mas , mesmo não sendo uma escola tão “querida’ naquele dia  eu falei bem alto e claro o poema que a professora me tinha designado. E dizia “um bom estudante eu sou com prazer” embora tivesse consciência que não era dos melhores. Mas, com certeza, dos piores também não. Os melhores estudantes eram os “do centro”, os que iam limpinhos, bem vestidos e bem calçados à aula. Aqueles que até levavam uma maça à professora (“apple polishers”). Com todas estas lembranças de disparidades, hoje a gente repensa tudo e conclui que a escola valeu a pena...Que a escola ajudou a vencer, sim. A escola pode , sim, ajudar a diminuir as injustiças sociais, as disparidades, tanto econômicas, como sociais. Imagine um mundo sem escola, uma criança sem direito a aprender a ler e escrever....Agradeço a Dona Vani por ter me dado a tarefa de recitar este poema.
As professoras eram tratadas de Dona. A gente nem sabia bem por que Dona ou Doña como no Espanhol. Aliás havia a Dona Doña cujo nome correto era Adônia, mas que todo mundo chamava de Doña ou, pior ainda Donha.... Dizem que alguns alunos (influência da fronteira castelhana?) falavam  Doña Doña. A Doña Doña ou Adonia foi também minha professora por um período curto.

A Dona Terezinha também me escolheu certa vez para declamar um poema. Era mais suave e seus passos na sala não me amedrontavam como os passos da primeira professora. Os poemas geralmente eram para homenagear a bandeira, a escola, um “herói” brasileiro ou algo parecido. E nos sábado, sempre havia “homenagem” para algum´´ente querido da pátria ou para um dia "glorioso.". Cantava-se o Hino Nacional, hasteava-se a bandeira, cantavam canções, recitavam-se versos... Este era o nosso universo...Universo da Escola...


quarta-feira, 8 de novembro de 2017

FL-U-INDO COM ELA

Feliz em te ver
leve, solta e sozinha
ávida por novos mundos
viva, suave, vibrante
inventando amplo sorriso
atingindo meu paraíso

solta as rédeas da paixão
e eu galopeio feito potro xucro
em tua direção,
desenfreado com nova busca
sem rima e sem razão..


Lá vem ela

Lá vem
Ela
a-legre
em passo
elegante
eletrizando
o chão, 
Espalhando
sorrisos
e emoçao

Lá vejo
Meu coração
vibrante
chocado
ameaçado
por nova 
paixão

domingo, 5 de novembro de 2017

chuva e lágrima


O que é gota de chuva?
O que é lágrima?
num domingo
sem ela?
Nem eu distingo:
meus olhos
se molham.
A mente
se atropela
e o coração
este entao
se desmantela


sábado, 4 de novembro de 2017

Para M, onde estiver...

Para M.


Com memórias de você
Caminho ruas vazias
As lembranças caem macias
Como as gotas da  chuva...

Deixo que os pingos desçam
Roçando  meus olhos molhados
E procuro você na distância
Num futuro ou num passado.

Assim se confunde a mente
Minha alma se distrai também
Se mescla com sonhos de você
Que acredita ainda vem...

Mas tudo ganha distância
Assim como meus pensamentos
E a chuva só me alimenta
De impossíveis momentos

O que escrevo, que seja lido
Esteja onde estiver..
Para colocar  sentido
Nas águas a chover
De lembranças tão fluidas
Entre o eu e o você.

Como música da chuva
Desce a tua lembrança
Só para alimentar minha alma
de uma nova esperança














M(ai)s suave que a Chuva

M(ais) suave que a Chuva

Suave cai a chuva
Lambe a janela
  Desce ao chão
na calçada, na rua
se estende, se estica
se enche e flutua

Uma música de ninar
A gota a cantar
Embala meu sonhos
E todo meu pensar....


Mais suave que chuva
São os pensamentos
Percorrendo os becos
Escorrendo lentos.

As lembranças que jorram
Desaguam, se inventam
Com a água se espalham
Úmidas de afeto
E o desejo secreto
De encontrar você
No riacho de emoções..

Mas sigo sozinho.
E  de mansinho
Vou sonhando
Como  se fosse
Te encontrar.
Mais suave que a chuva
Ainda a me esperar...

Assim perambulo
, me molho
E engulo
Mais uma gota
De sonho
E esperança

Corra para mim
Toque minha mão
Dancemos na chuva
Reguemos o coração

E quando acordo
Só sinto o gosto
Da chuva suave
A molhar o meu rosto.

Mais suave que a chuva
Meu sonho, minha fantasia
Umedecem o caminho

Sem sua companhia.

segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Por que só você?

Os meus pensamentos
de um jeito secreto
caminham para você.
Não posso guiá-los,
 insistem e param ali:
todos para ti.
como se ouvissem
"run to me, run to me"

à meia-noite,
ao meido dia,
 ao amanhecer,
 ao anoitecer
diariamente
alma e mente
rodeados por você
Oh , estes ventos
de tais pensamentos!

Por que não se vão
 para algo menos vão?

Pensar em voce,
 sonhar com você ,
esperar você
é  olhar a um vazio..
 uma cena sem brio...

Você que se tornou
 um anjo caído
longe do meu alcance
Anjo,  que nao dá chance
para um eu perdido.

não pode ser mensageira,
de palavra faceira
nem de paz  e amor
esta voz do interior
que insiste em estar viva
para chamar voce.

no meu abandono
em  meu divagar,
nas horas de sono
e ao despertar:
VOCÊ



E o pensar persiste...
com porta trancada
em seguir você
e eu sei nao pode haver nada
nesta estrada:
para você - que nem quer saber.

meu coraçao secreta-mente
mente e finge que ainda vale
mesmo que não possa  atingir
por isso o  pensamento
quer quer ainda insistir?

Sei, voce está por aí
não qerer desaparecer
de meu pensar, meu querer
 me faz sofrer
 me deixa triste,
 me fazer so(zi)nhar
Sem você

 nada importa
se é minha fantasia
entrar por aquela porta;
do teu coração
se minha esperança
é em vão;
se meu poema alcança
a sua sensibilidade
e aliviar a dor
a tristeza em mim...

Se voce devolvesse a vida
Eu morreria toda a hora
para nascer no outro instante
ainda mais vivo que antes

E dentro da alma
uma primavera escondia
Avança sabia e calma
Há vida, em nova semente!

sábado, 28 de outubro de 2017

Olhando a Cigarra

Ze Teodoro ,sentado na   cadeira velha, confortavelmente, olhava para o lago. Um pássaro perseguia uma cigarra. Será o fim da cigarra? Dizem que a cigarra ressuscita, morre e volta para viver e cantar novamente. "Tantas vezes me mataram, tantas vezes eu morri e estou aqui", lembrou do texto de Renato Teixeira. Sim, é possível  que a gente como a cigarra ressuscite e apareça um dia por aqui. Por isso não deveria haver apego às coisas, à vida, às pessoas....E lembrou-se novamente de seu amor que foi embora, da dor que ainda sentia. Por que a gente se apega, por que a gente não aceita que as pessoas se vão? E por que a gente fica tentando acontecer uma volta forçada, sabendo que a pessoa quer ir..."Let her go" tinha dito uma amiga. Mas como é difícil deixar  M ir, seguir seu caminho, fluir ocmo uma água do rio..... Por quê? Talvez seria justamente por não tê-la tratado como deveria.
Zé Teodoro foi perseguindo e se aprofundando neste caminho de pensamento. Talvez a maior dificuldade de desapegar-se  é não ter dado à pessoa que partiu o tratamento que ele merecia. O fato de não ter aproveitado os bons momentos, de não ter tido mais sensibilidade com a sua voz, de não ter dado atenção aos seus interesses...Este torna-se, no fim, o maior conflito na alma,  a maior dificuldade de deixar a pessoa seguir seu caminho e desparecer na cura da vida. Este é no fundo, o sentimento de culpa. A pessoa vai e quem fica só, mergulha em pensamentos,  em reflexões e certo arrependimento, ruminando dentro de si que poderia ter dado um tratamento melhor. Questiona ainda se  a pessoa poderia ter ido com mágoa, com dor...E a gente acaba querendo que ela não carregue esta dor, esta mágoa, esta lembrança ruim do tempo em que estava conosco.
Depois de um tempo fica se perguntado: por que ela não quer nem falar comigo.? Se ao menos ouvisse para eu pedir desculpas, pedir perdão, para mostrar mostrar que eu tenho um coração sensível, que também se parte.

O apego, parece ser, pensava o Zé Teodoro, o resultado do não aproveitar enquanto teve a oportunidade de viver plenamente. Quer viver, quer recuperar quando a pessoa já se foi.
E M tinha ido. No início ele achava que era uma ida para voltar novamente, mas as horas, os dias, os meses iam confirmando: ela não retornaria. E ele não conseguia pensar em algo diferente , em pessoa diferente. Todos os dias os pensamentos sobre ela ocupavam longas reflexoes e irrespondíveis perguntas.
Será que as águas do lago lá no fundo teriam uma resposta ?
A cigarra que cantava já fora engolida pelo pássaro. Ja fora para outra vida. Iria ressuscitar novamente, talvez....Então, ele tinha confiança. Seu amor por M iria ressuscitar em outra pessoa. Mas até quando esta angústia por sua ausência ocuparia sua alma? Até quando a não aceitação de sua partida iria lhe cortar o coração? Lembrou de um salmo, seria o salmo treze,  que nos tempos em que era religioso lia e repetia: "Até quando , esconderás de mim o teu rosto?" Até quando ele estaria consultando sua alma para descobrir como tirar a tristeza do coração?
Levantou-se. Nao tinha resposta. Foi ocupar-se de outras coisas, estas reflexões lhe deixavam meio macambúzio. Tinha que disfarçar com atividades diversas.

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Açucar no café..

O escritor indiano Narayan tem um texto "Over a cup of coffee" que é muito bom para homenagear o café, para refletir sobre a cultura do café. Gosto de repetir esta frase "O açúcar não é para adoçar o café, mas para deixá-lo menos amargo". Creio que é isso...Deixar menos amargo, entao um pouquinho de açucar resolve...
Então, viajando pela BR de Porto Velho a Ji-Paraná , no carro da universidade, paramos para um cafezinho no meio do caminho. Mas como achar um cafezinho que venha sem açucar, como encontrar um café que tenha pouco aç~ucar? Creio que  é um desrespeito ao café. Por que estas pessoas enchem de alçúcar em seu "café" ? Creio que nao gostam do café...Um admirador de café não pode estragá-lo com o excesso de açucar..
E a vida fica excitante, animada, galopante, mas com café de verdade. Percorrer a 364 passando por plantações de café é bom, principalmente quando honramos o café, quando usamos o termo "café" para café mesmo, sim, o café que não foi derrotado pelo sabor do açucar.......

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Ando meio descontente

"ando mesmo descontente                                                                                                                             e desesperadamente                                                                                                                                     eu grito em português   (Belchior)

Andar descontente pela vida não é bom. Andar descontente consigo mesmo é pior ainda.
Eu ando descontente comigo mesmo e isso me deixa às vezes des-esperado, des-esperançoso.
Deixar as coisas acontecerem, não dizer não, mesmo que por dentro o Espirito Santo, meu anjo interior, meu "chi" como diria Achebe,  estão me orientando  para dizer nao, pode ser causa de males. Quando percebo isso quase me revolto comigo mesmo.
Deixar que invadam meu jardim, que arraquem as flores, que mudem a ordem da minha vida, que ocupem minha área e provoquem estragos na minha alma, que machucam as pessoas proximas de mim. Ah, vou percebendo isso e ficou fazendo perguntas para mim mesmo.
"Por quê " , eu me pergunto , "eu nao agi para impedir esta situação?"
Por que eu deixei que pessoas invasivas de certa forma pudessem "arrumar" o meu destino?

Por que permiti  que investissem para que meu itinerário mudasse conforme o desejo deles e nao o meu?
Minha inoperância aqui gerou minha tristeza e a tristeza de outras pessoas, das pessoas ao meu redor e da pessoa que con-vivia comigo...
A vida flui, o rio corre, as águas vão e nos levam. Não quero ficar às margens lamentando, quero prosseguir com as águas, mas seguir leve, solto saboreando a vida..
Por isso, agora não adianta lamentar, querer consertar...
Quando não caminhamos só, o itinerário fica mais difícil de ser consertado
Quando  há outra pessoa envolvida tudo ultrapassa nosso alcance, tudo fica inatingível, tudo parece ficar sem conserto..
Então, a única coisa a fazer é aprender para não repetir um erro que deixou meu caminho mais sem alegria, sem aquela companhia.
Talvez até agradecer pela lição
Tudo o que posso fazer e prestar atençao, pensar bem na lição para nunca mais cometer este erro contra mim, contra meu anjo contra o Espirito Santo, contra meu chi......
Tivesse deixado meu coração falar mais alto, tivesse impedido que outros interesses invadissem meu caminho, indo contra meu coração, fabricando novos destinos para mim...estaria mais leve hoje

Por descuido de mim, por não valorizar o presente da vida, deixei que alguém fabricasse meu destino.
Isso que dói mais, só de pensar....
Deixar que impeçam que se aja de acordo com o coração, não pode ser bom, não pode ser coisas de anjo...
Deixei  alguém mudar meu caminho,
E caminho, aqui sozinho
Cá.eu e meus sapatos
Agora faço uma reflexão
o caminho flui, as águas correm
Mas preciso dizer não
ao que vai contra o coração
afinal, ele pode ter razão...
               

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

EU LI

ROSELI
EU LI
NO AR
ROSAS
LINHAS
POÉITCAS
NO TEU  PENSAR
NOS TOQUES
DE PALAVRAS
SOLTAS
VIAJANDO
VIVAS
PARA MEU
 CONVIVIO.

ROSELI
LI, ROSAS
LI-RICAMENTE
SORRINDO
PARA O DIA
ROSE-LI
LIVRE , EU LI
VOCÊ NAS CORES
NA BRISA
NA FANTASIA.
NO SUSSURRO
DAS FOLHAS DA ÁROVRE
SIM,  LI
UMA TEXTO
QUE VINHA DE TI.
ROSE-
LI
LI-
GEIRA-
MENTE
UM AMOR
PA-CIENTE
TRAZIDO
NO VENTO
LENTO
A PASSEAR
EM TEU JARDIM
UMA ROSA,
ROSELI,

SÓ PARA MIM...

segunda-feira, 9 de outubro de 2017

ERA PARA ESCREVER UMA MENSAGEM...

Era para escrever uma mensagem para este dia em que se rememora sua partida.

Busquei inspirações em lembranças tantas, imaginei o que poderia ser uma mensagem numa hora de dor em que todos estão com o coração partido, corações dilacerados por sua partida. O  que a dor pode inspirar?
Então fui sentindo que mais que a dor o seu exemplo, Amauri,  a sua vida, sua conduta e suas atitudes diante de vários pormenores da vida, sim, são o fruto de maior inspiração para uma mensagem em um dia em que queremos lhe  prestar uma homenagem.
A disposição para viver a vida intensamente,  sua colaboração para que não perdêssemos nenhuma oportunidade para reforçarmos a união da família. Era assim nas festas de fim de ano, nas reuniões de família,nas festas de aniversário,  nas pescarias, no truco, nos churrascos , no futebol e em tudo, nos passeios de canoa, de caiaque, nas cavalgadas...
Ano passado, ao apagar das luzes de 2016, quando retornávamos da despedida de outro irmão, você, como em todas as outras ocasiões,  logo acolheu a iniciativa  de fazer uma reunião de família, para aproveitar os momentos juntos, para curtimos juntos a passagem do ano. Sugerindo assim, que  não somente os momentos de júbilo, mas também os momentos de tristeza são momentos para ficarmos juntos.. E foi boa a reunião da virada do ano, cada um prometendo viver bem o ano que se iniciava...E você, creio, mais que todos nós aproveitou, viveu, conviveu... Talvez estava sentindo que iria ser convocado logo para o time dos céus (???)
Nunca perdeu um tempinho com fofocas, com suspeitas, com imaginações negativas que pudessem diminuir o sabor da vida...Sempre aproveitou o tempo para ajudar, para elevar o ânimo. No seu jeito quieto foi um líder que manteve  a força da união, não fazendo nenhuma distinção...
Partilhar momentos com a família, conviver com a filha a cavalgar e com o filho a percorrer trilhas de moto, aproveitar o tempo para glorificar a vida de diversas maneiras, pescando, passeando, cantando, dançando, jogando futebol.... Que exemplo de pai, de alguém que aproveita o máximo para fazer as pessoas próximas mais felizes, para deixar as pessoas com o sentido de pertencimento, de auto-estima elevada. Os seus exemplos a  acompanhar a família, para valorizar o interesse dos outros,  o valor dos outros...Isso é também um exemplo que nos deve inspirar...

Nosso coração está dolorido por sua partida. Mas mais que tudo, nossa alma está querendo aproveitar ao menos um pouco de seu exemplo, querendo aprender um pouco a seguir sua exemplar conduta de vida.
Sendo o mais novo da família, você demonstrou ser o mais sábio em várias ocasiões, principalmente ao agir depois de pensar, ao evitar comentários que fossem prejudicar um ou outro. Quantas vezes desejei seguir este exemplo. Fazer tudo para deixar que a paz reine no ambiente, entre os familiares...

Quantas vezes ao abrir a porta da minha casinha, ou ao passar pela estrada via você  contemplando as águas do lago crispadas pelo Vento. Parecia conversando com o lago, meditando...Talvez conversando sobre  sentido de fundo do lago, o significado  da vida humana. Talvez era  o anseio de querer  entender por que nascemos, por que morremos.
Teria isso te deixando mais sábio? Teria você daí  aprendido que não adianta entender o mundo nem julgar as pessoas, mas amar a vida, conviver com a família e ir crescendo na capacidade de amar os outros, de fazer o bem.? Com certeza você foi crescendo na capacidade de entender que só se pode ser feliz, se pode viver bem quando se faz o bem, quando deixa alguém feliz...

Obrigado por estas lições, por ter sido tão importante, por ter vivido intensamente, mesmo em que pouco tempo deixado uma lição tão altamente rica.

domingo, 8 de outubro de 2017

Você tinha que partir?



                                         

Irmãos e amigos
A todos eu digo
Que é duro acreditar
Que alguém tão brilhante
Em um instante
Iria nos deixar....

A dor se instala,
O coração se cala
Sem poder expressar
O real sentimento
Deste momento
De pena e pesar.

É dor, é  tormento
É pena e lamento
De grande aflição
De rara agonia
É a vida vazia:
com morte de um irmão

Aos céus interrogo
Suplico e rogo
Uma explicação
A resposta demora
Mas vem uma hora
No meio da oração

A alma se espanta
De lembranças tantas
Da vida que levou
De tempo de menino
Alegre,  traquino
De muito valor

Assim, lembro os dias
De intensas alegrias
Que a vida repete
Quando Amauri chegou
Num dia de calor
Em sessenta e sete

Era dezembro
Eu bem lembro
Veio de mansinho
Naquele Natal
Um  presente especial
De Deus, com carinho.

Um dia de sol
E de futebol,
 de fé nesta vida
O último filho
A dar um brilho
À família unida

Foi crescendo
Amando , aprendendo
O que a vida ensina
Alegre, inteligente
Era evidente
Uma graça divina

Cresceu , estudou
Homem se formou
Formou família
 exemplar,  preciosa
Junto à esposa
ao filho e à filha

Irradiando alegria
Viveu os seus dias
Fazendo o bem
Espelhando confiança
Fé e esperança
No hoje e no além..

Que a sabedoria
De seus dias
Esteja em nós
Lembremos todo dia
Seu exemplo nos guia
E não estamos sós.

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M. N. julho 2017









A meu irmão que partiu

Amauri

Você partiu mas está entre nós
 por isso
Queremos homenagear e agradecer por sua vida.
Por ter brilhado entre nós ,
Sabemos que neste mundo
De geração e regeneração
A semente cresce, vira árvore
Embeleza o mundo
E aparentemente deixa de viver
Para adubar outras vidas..
É a lei divina que é difícil entender
Alguém que fazia tanto bem
Que proporcionava tanta alegria
Tantos momentos bons de conviência
Parte para outro lado.
Embora sabendo que morte não existe,
Mas só o desapego da matéria,
Ficamos com a sensação de vazio
De lembranças de tudo que foi brilhante
Com tua presença...
Um pouco de revolta talvez
Por termos que desapegar...
Deixar você ir para jogar num time superior.

 por fazer agora tanta falta

Voce partiu com dor no coração
E deixou-nos de coração partido,
Querendo entender o não entendível,
Querendo explicações dos céus
Por esta vida sem lógica
Por esta morte sem aviso.
Com dores e interrogações.
So temos uma certeza:
Você continua brilhando entre nós
O seu exemplo continua vivo,
Mais vivo que nunca...
O seu jeito calmo e pacífico de olhar a vida
De ajudar as pessoas,
Seu sorriso leve,
 jamais rejeitando  um convite para
Celebrar a vida,
Um ser líder, sendo quieto e humilde
mas  corajoso e sempre solidário
Tudo vive ardente
Como uma chama que você deixou.

Neste momento de provação
De perguntas sem respostas
Somos lembrados  por você mesmo
que não podemos
Perder  o tempo precioso
Que nos é dado a viver
De con-viver
De com-memorar, de celebrar...
Este momento de dor
De contradições da própria vida
Em que parece não haver consolação
Aprendamos que Deus vê nosso coração
E nos ajuda a aprender a lição
De ajudar um ao outro,
Consolar um ao outro,
Pois como sempre dizemos
A virtude de um homem se
Revela na adversidade...
Você que está do outro lado
Ajude-nos a fazer
Com que este momento de dor
Não nos enfraqueça, mas ajude-nos
A mostrar mais que somos
Fortes, quando unidos...

Sua partida partiu nosso coração
Mas deixou mais vivo seu exemplo
De que é preciso se unir
E apagar qualquer sentimento
Que não nos ajude a crescer
Que não eleve  nosso ser...

Obrigado Amauri,
Por continuar brilhando entre nós...



sábado, 7 de outubro de 2017

EU VOLTARIA

Para você
eu voltaria
não para aqueles
dias des-gastados
que viviamos
gastando as horas
sem gosto.

Eu voltaria
para os primeiros dias
quando o encontro
era jovem
e como crianças
 descobríamos
um ao outro
sonhando
cheios de esperança.

Eu inventaria
uma nova aventura
só entre nós
nós para entrelaçarmos
nova
mente
corpo, alma-mente.

Eu voltaria
total-mente
somente
para você;

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M.N....outubro, 2017

sexta-feira, 29 de setembro de 2017

NO DIA DE SÃO MIGUEL, O PRÍNCIPE DOS SERAFINS


Foi o Serafim que olhou e disse para mim:” quer ser um anjo? Eu disse: Disso eu não manjo"...E ele sussurrou:  é só levar  o doce  senso da poesia onde a vida é árida e  fria” . Isso eu anunciei na página do facebook. Serafim? Será o fim? Qual é o fim , a finalidade da vida? Amar, se apaixonar, sofrer, correr...descansar, ser feliz, fazer alguém ou um monte de pessoas felizes..?

....E no dia 29 de Setembro, dia do São Miguel Arcanjo, eu desci para o mundo....E desci chorando, quase morrendo, minha mãe dizia. Mas nasci. Relutei um pouco para  aceitar este mundo, mas aceitei de vagar...O mundo foi me conquistando e eu fui conquistando o mundo...Início alegre nos campos do Pirizal onde tudo era livre....
Depois a escola...e aí o mundo endureceu....em vários aspectos eu saía perdendo. Perdi sobretudo a liberdade, perdi a coragem de falar como eu queria...Mas não perdi a esperança em um dia crescer e ser bem gente.... A escola era uma obrigação, nunca foi divertimento. Mas fui conquistando também...foi valendo a pena....A pobreza para comprar material escolar, para comprar roupa...Tudo ia cerceando um pouco a liberdade. Mas a certeza do cuidado dos pais...Isso só me fortalecia...
Mais tarde aos 15 anos saí de casa...A vida endureceu muito mais ainda. Morar fora de casa, trabalhar em empresa bem rígida. Com 15 anos trabalhava o dia todo e estudava à noite. Foi o momento mais difícil da vida, mas talvez o que mais me preparou para enfrentar qualquer outra dificuldade em qualquer lugar do mundo.
Depois o seminário católico Instituto Dehonista. Triste por não poder me entrosar muito bem. Menino tímido, nada agressivo não tinha muita vez nem voz no seminário...Mas de algum jeito fui conquistando...conquistei aquele mundo e quando já me sentida mais em casa...Parti...
De volta ao mundo, agora sim, com muito mais liberdade. Jaraguá – Schroeder – Jaraguá...O incio da vida de professor...E foi ficando bom...E a Faculdade em Jaraguá me ajudava a me soltar mais ainda...Só porque tinha mais conhecimento que o pessoal...na área de humanas...Depois a UNIPLAC em Lages...Ainda mais intensamente me aumentava a auto-estima...E as meninas de Letras e eu...que sabia Latim, grego e era o melhor em inglês...

Assim foi....Unisul – outra que me ajudou a ir levantando minha auto-estima...Era no ambiente escolar, no ambiente de conhecimento humano-acadêmico que eu me sentia melhor ...ao menos não inferior a ninguém...E assim fui gostando da proteção do meu anjo...
 Agora já fazem sessenta e dois anos!!! Experimentei sessenta e dois anos desta vida. Não é pouca coisa. Já poderia ter escrito livros e livros!

Posso voltar a vários outros anos em que celebrei este dia. Aqui, em SC, no Canadá, na Inglaterra....Mas para mim, celebrar o aniversário continua sendo voltar às origens, bem lá no início...Com minha mãe, com os primeiros passos, as doenças, a dificuldade lá no interior para se criar uma criança. Uma criança entre muitos. Eu era o oitavo. Depois de mim ainda  viriam cinco. Comemorar o aniversário para mim, então,  significa em primeiro lugar agradecer à minha mãe, ao meu pai, a todos que foram me recebendo neste mundo, que foram me  dando boas vindas...
O tempo continua passando, mas fico feliz por ver vários sonhos que foram sendo realizados. Isso não posso deixar de agradecer. Estudar na Inglaterra, ter um mestrado, ter um doutorado, ter um emprego federal. E ultimamente ser um professor titular d Universidade Federal de Rondônia. Escrever e publicar livros também foi um grande sonho a ser realizado...Escreviver....A escrita ainda continua sendo o meu grande motivo para viver....Escrever, passear, ver o mundo, ver as cosias...
Ter recebido o apoio da família, dos pais, dos inúmero irmãos e depois da nova família....mae de minhas filhas e tantas outras companhias......neta e um genro...... Compartilhar um pouco com minhas filhas os sentimentos como se elas fossem da minha idade....E a esperança de um amor que se ressuscita a cada dia...
E os amigos, as amigas, companheiras...Tanto para agradecer.....Tanto pelo que me entusiasmar....

Obrigado, Arcanjo MIGUEL

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Na solidão desta casa, em 29 de setembro de 2017 - de madrugada. M.N

quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Flocos finos

Finos
são os flocos
de felcidade
que se dispersam
pelo meu dia

são os sopros
de lembrança
vibrando na veia
a mensagem suave:
você ainda virá


De-vagar , de-vagar
para a alma
degustar
sem pressa
a tua espera

quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Acumulo sonhos

Cada dia
guardo mais uma história
para contar para você
cada dia mais um sonho não partilhado
e vou acumulando, deixando tudo amontoado
para entregar a você
no dia em que finalmente poderemos nos ver.

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

SOLIDÃO

EU
NÃO SOU
SÓ-LIDO
E
SÓ LIDO
COM MIM
MESMO

EM

CON-
FERÊNCIA
COMIGO
CON-
VERSO

NÃO
CON
SIGO
AINDA
VIVER

SEM

A DOR
DE  SUA
AUSÊNCIA

sábado, 16 de setembro de 2017

A noite vai silenciando o mundo de fora
e o meu mundo de dentro
explode-se em tempestade
sem você por aqui

Por que voce tinha que ir
neste dia
acenando de longe
para não mais voltar ?
Por que não dizer perto
que ainda podemos re-nascer.?.
Vamos primaverar.!


FONTE DA SAUDADE

A FONTE DA SAUDADE

Eu já sei que qualquer dia                                                                                                                            Tudo vai dançar                                                                                                                                                     Mas a fonte da saudade                                                                                                                                    Nem o tempo vai secar...(Kleiton & Kledir)


A fonte da saudade não seca. Ela , aquela mulher feita de muitas mulheres, que trouxe-me muitos sonhos. Ela  é a fonte da saudade, ela que gera lembranças, vontade de voltar ao tempo, de gozar de sua convivência, de olhar para a transformação da natureza como reflexo da transformação que ela me faz ao longo do tempo....
Agora que é tempo de mudança de estação, eu me encho de perguntas, de buscas, de vontade de mudar......Queria estar me metamorfoseando sem sentir dor...Mas sei não há metamorfose sem dor....A PRIMAVERA parece já um convite para  renovar a natureza. E eu aqui sentindo o regar da chuva, observando o ipê florindo, vendo o passarinho correndo para preparar um lar para nova temporada, não consigo olhar para a frente. Apego-me a um passado, ao passado com ela.. Todas as atenções são para quem não está mais aqui comigo, todo o meu pavor se dá por causa do vazio da casa, que foi cheia de sol, mas agora sofre de escurez por sua ausência. Ausência agora me espanta....
Eu poderia ter um novo sentido ao percorrer a casa,  sair para fora, ao ir ao mercado a caminhar...Mas como comprar um peixe para o almoço de domingo sem ela para me acompanhar? Nada pode fazer sentido. O passarinho passa cantando um canto mais lindo, mas para mim é um lamento. Aquela música que ela deixou produziu marcas dela num coração que sente.  Os tons e a melodia...tudo o mesmo. Já não existem, porém, os significados de ontem.
 Como ficar nesta casa num domingo?, dor-mingo, me minguo.... Como fazer um almoço aqui, sem partilha, sem sua parte, seu lado ,  única companhia nos meus domingos?
A minha vontade de escrever , de soltar o grito já não me impulsiona muito, pois não sei como escrever se não tenho uma leitora em potencial que era ela, aquela silenciosa que lia e escrevia e vi certa vez na aula a me contemplar...?. Escrever para quem não me quer ler é como caminhar ao encontro de quem não tem intenção de nos encontrar, ou como dar a mão para quem não quer cumprimentar..
E a noite calma das lembrança vai se espalhando pelo céu.....Vai deixando a alma tempestuosa, desditosa e em confusão profunda...Ir para frente sem olhar para trás, sem ouvir sua chamada, sem esperar por um aceno para voltar? É possível? Seus olhos  já não se encantarão com os meus?  No meio das perguntas a vontade de recomeçar tudo de novo, com paixão, com ela transpirando sonho. Minha inclinação  em  trilhar novo caminho  ainda percorre comigo nas minhas horas de reflexão...

Aí ressoam  ecos do Neruda ,com seu poema , falando por mim: “Vou-me embora. Estou triste: mas sempre estou triste. Venho dos teus braços. Não sei para onde vou.”

(Miguel Nenevé)