sexta-feira, 29 de setembro de 2017

NO DIA DE SÃO MIGUEL, O PRÍNCIPE DOS SERAFINS


Foi o Serafim que olhou e disse para mim:” quer ser um anjo? Eu disse: Disso eu não manjo"...E ele sussurrou:  é só levar  o doce  senso da poesia onde a vida é árida e  fria” . Isso eu anunciei na página do facebook. Serafim? Será o fim? Qual é o fim , a finalidade da vida? Amar, se apaixonar, sofrer, correr...descansar, ser feliz, fazer alguém ou um monte de pessoas felizes..?

....E no dia 29 de Setembro, dia do São Miguel Arcanjo, eu desci para o mundo....E desci chorando, quase morrendo, minha mãe dizia. Mas nasci. Relutei um pouco para  aceitar este mundo, mas aceitei de vagar...O mundo foi me conquistando e eu fui conquistando o mundo...Início alegre nos campos do Pirizal onde tudo era livre....
Depois a escola...e aí o mundo endureceu....em vários aspectos eu saía perdendo. Perdi sobretudo a liberdade, perdi a coragem de falar como eu queria...Mas não perdi a esperança em um dia crescer e ser bem gente.... A escola era uma obrigação, nunca foi divertimento. Mas fui conquistando também...foi valendo a pena....A pobreza para comprar material escolar, para comprar roupa...Tudo ia cerceando um pouco a liberdade. Mas a certeza do cuidado dos pais...Isso só me fortalecia...
Mais tarde aos 15 anos saí de casa...A vida endureceu muito mais ainda. Morar fora de casa, trabalhar em empresa bem rígida. Com 15 anos trabalhava o dia todo e estudava à noite. Foi o momento mais difícil da vida, mas talvez o que mais me preparou para enfrentar qualquer outra dificuldade em qualquer lugar do mundo.
Depois o seminário católico Instituto Dehonista. Triste por não poder me entrosar muito bem. Menino tímido, nada agressivo não tinha muita vez nem voz no seminário...Mas de algum jeito fui conquistando...conquistei aquele mundo e quando já me sentida mais em casa...Parti...
De volta ao mundo, agora sim, com muito mais liberdade. Jaraguá – Schroeder – Jaraguá...O incio da vida de professor...E foi ficando bom...E a Faculdade em Jaraguá me ajudava a me soltar mais ainda...Só porque tinha mais conhecimento que o pessoal...na área de humanas...Depois a UNIPLAC em Lages...Ainda mais intensamente me aumentava a auto-estima...E as meninas de Letras e eu...que sabia Latim, grego e era o melhor em inglês...

Assim foi....Unisul – outra que me ajudou a ir levantando minha auto-estima...Era no ambiente escolar, no ambiente de conhecimento humano-acadêmico que eu me sentia melhor ...ao menos não inferior a ninguém...E assim fui gostando da proteção do meu anjo...
 Agora já fazem sessenta e dois anos!!! Experimentei sessenta e dois anos desta vida. Não é pouca coisa. Já poderia ter escrito livros e livros!

Posso voltar a vários outros anos em que celebrei este dia. Aqui, em SC, no Canadá, na Inglaterra....Mas para mim, celebrar o aniversário continua sendo voltar às origens, bem lá no início...Com minha mãe, com os primeiros passos, as doenças, a dificuldade lá no interior para se criar uma criança. Uma criança entre muitos. Eu era o oitavo. Depois de mim ainda  viriam cinco. Comemorar o aniversário para mim, então,  significa em primeiro lugar agradecer à minha mãe, ao meu pai, a todos que foram me recebendo neste mundo, que foram me  dando boas vindas...
O tempo continua passando, mas fico feliz por ver vários sonhos que foram sendo realizados. Isso não posso deixar de agradecer. Estudar na Inglaterra, ter um mestrado, ter um doutorado, ter um emprego federal. E ultimamente ser um professor titular d Universidade Federal de Rondônia. Escrever e publicar livros também foi um grande sonho a ser realizado...Escreviver....A escrita ainda continua sendo o meu grande motivo para viver....Escrever, passear, ver o mundo, ver as cosias...
Ter recebido o apoio da família, dos pais, dos inúmero irmãos e depois da nova família....mae de minhas filhas e tantas outras companhias......neta e um genro...... Compartilhar um pouco com minhas filhas os sentimentos como se elas fossem da minha idade....E a esperança de um amor que se ressuscita a cada dia...
E os amigos, as amigas, companheiras...Tanto para agradecer.....Tanto pelo que me entusiasmar....

Obrigado, Arcanjo MIGUEL

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Na solidão desta casa, em 29 de setembro de 2017 - de madrugada. M.N

quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Flocos finos

Finos
são os flocos
de felcidade
que se dispersam
pelo meu dia

são os sopros
de lembrança
vibrando na veia
a mensagem suave:
você ainda virá


De-vagar , de-vagar
para a alma
degustar
sem pressa
a tua espera

quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Acumulo sonhos

Cada dia
guardo mais uma história
para contar para você
cada dia mais um sonho não partilhado
e vou acumulando, deixando tudo amontoado
para entregar a você
no dia em que finalmente poderemos nos ver.

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

SOLIDÃO

EU
NÃO SOU
SÓ-LIDO
E
SÓ LIDO
COM MIM
MESMO

EM

CON-
FERÊNCIA
COMIGO
CON-
VERSO

NÃO
CON
SIGO
AINDA
VIVER

SEM

A DOR
DE  SUA
AUSÊNCIA

sábado, 16 de setembro de 2017

A noite vai silenciando o mundo de fora
e o meu mundo de dentro
explode-se em tempestade
sem você por aqui

Por que voce tinha que ir
neste dia
acenando de longe
para não mais voltar ?
Por que não dizer perto
que ainda podemos re-nascer.?.
Vamos primaverar.!


FONTE DA SAUDADE

A FONTE DA SAUDADE

Eu já sei que qualquer dia                                                                                                                            Tudo vai dançar                                                                                                                                                     Mas a fonte da saudade                                                                                                                                    Nem o tempo vai secar...(Kleiton & Kledir)


A fonte da saudade não seca. Ela , aquela mulher feita de muitas mulheres, que trouxe-me muitos sonhos. Ela  é a fonte da saudade, ela que gera lembranças, vontade de voltar ao tempo, de gozar de sua convivência, de olhar para a transformação da natureza como reflexo da transformação que ela me faz ao longo do tempo....
Agora que é tempo de mudança de estação, eu me encho de perguntas, de buscas, de vontade de mudar......Queria estar me metamorfoseando sem sentir dor...Mas sei não há metamorfose sem dor....A PRIMAVERA parece já um convite para  renovar a natureza. E eu aqui sentindo o regar da chuva, observando o ipê florindo, vendo o passarinho correndo para preparar um lar para nova temporada, não consigo olhar para a frente. Apego-me a um passado, ao passado com ela.. Todas as atenções são para quem não está mais aqui comigo, todo o meu pavor se dá por causa do vazio da casa, que foi cheia de sol, mas agora sofre de escurez por sua ausência. Ausência agora me espanta....
Eu poderia ter um novo sentido ao percorrer a casa,  sair para fora, ao ir ao mercado a caminhar...Mas como comprar um peixe para o almoço de domingo sem ela para me acompanhar? Nada pode fazer sentido. O passarinho passa cantando um canto mais lindo, mas para mim é um lamento. Aquela música que ela deixou produziu marcas dela num coração que sente.  Os tons e a melodia...tudo o mesmo. Já não existem, porém, os significados de ontem.
 Como ficar nesta casa num domingo?, dor-mingo, me minguo.... Como fazer um almoço aqui, sem partilha, sem sua parte, seu lado ,  única companhia nos meus domingos?
A minha vontade de escrever , de soltar o grito já não me impulsiona muito, pois não sei como escrever se não tenho uma leitora em potencial que era ela, aquela silenciosa que lia e escrevia e vi certa vez na aula a me contemplar...?. Escrever para quem não me quer ler é como caminhar ao encontro de quem não tem intenção de nos encontrar, ou como dar a mão para quem não quer cumprimentar..
E a noite calma das lembrança vai se espalhando pelo céu.....Vai deixando a alma tempestuosa, desditosa e em confusão profunda...Ir para frente sem olhar para trás, sem ouvir sua chamada, sem esperar por um aceno para voltar? É possível? Seus olhos  já não se encantarão com os meus?  No meio das perguntas a vontade de recomeçar tudo de novo, com paixão, com ela transpirando sonho. Minha inclinação  em  trilhar novo caminho  ainda percorre comigo nas minhas horas de reflexão...

Aí ressoam  ecos do Neruda ,com seu poema , falando por mim: “Vou-me embora. Estou triste: mas sempre estou triste. Venho dos teus braços. Não sei para onde vou.”

(Miguel Nenevé)