segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

2018 – O vagaroso caminho da “loneliness” para a “solitude.” (M. Nenevé)




                               “mesmo vivendo assim não desisti de amar” (Belchior) 

A língua inglesa tem duas palavras para falar de solidão : “loneliness” é  a dor de estar sozinho, o sofrimento por não ter companhia que difere de “solitude” que significa estar só, mas estar satisfeito por estar só, ou até sentir a  glória ou a satisfação de estar consigo mesmo e  sentir-se bem.  Mark Twain, o escritor americano autor de, entre outros, As aventuras de Huckleberry Finn, dizia que “A pior solidão é quando você não está bem consigo mesmo.” É exatamente isso que quero dizer: há um processo para se sair do estado em que não se está bem consigo estando só para um estado em que se está só, mas se pode sentir-se bem consigo. E neste caso não seria gostar de estar seguindo uma vertente egoísta, mas justamente o contrário, sentir-se bem ao estar só por acreditar que há algo importante em si, que há um ser brilhante dentro de si que pode ajudar outras pessoas. A solidão no sentido de solitude pode proporcionar um estado anímico que resulta em benefícios para si próprio e para outras pessoas com quem convivemos no dia a dia. Descobrir dentro de nós mesmos estas coisas requer muita paciência, muito silêncio, muita coragem de estar só. Uma longa peregrinação dentro de nós pode conduzir a uma harmonia corpo, mente, alma que ajuda a entender as buscas da vida.
  O ano de 2018 foi para mim o ano de experimentar este estado de estar só, ano de sofrer a solidão e também, depois de alguma peregrinação, de “curtir” a solidão mais do que em qualquer ano. Talvez possa dizer que foi um ano em que pude crescer com a solidão, ano em que pude de certa forma ter mais intimidade com este estado de isolamento, intimidade comigo mesmo, isto é, atingir certa solitude. Tudo vem acontecendo com certa luta, com alguma resignação por haver a vontade de desenvolver mais a capacidade de me sentir bem estando só. Tem havido tempo em que me sinto mais apreensivo e às vezes quase revoltado, momentos que que tenho pensado que melhor que ficar só é ter qualquer companhia, aceitar qualquer proposta para não sentir falta de ninguém. Tem sido um processo longo e contínuo para acreditar que estar só é necessário a fim de poder ser melhor companhia para quem quer que seja. Muitas vezes me tem me visitado à memória os tempos em que morava em Tubarão, SC. Tempo de estudante de Letras na UNISUL, em que passava os domingos em um quarto de hotel, só, lendo,  estudando, interrompendo a tarde para ver um jogo no estádio Hercílio Luz. Tantos caminhos sozinhos que preenchia com atividades para me permitir sonhar. Hoje a solidão é diferente, mas de certa forma é alimentada com sonhos também. Maldizer a solidão é que não maldigo, embora às vezes ainda queira fugir dela antes de me recompor por completo. Na época de Tubarão, escrevi o poema “Domingo Triste” que, entre outras coisas, dizia assim:
O casal de namorados                                                                                                                                                                                                                                                                   que passa em minha frente                                                                                                                                                                                                                                          é triste
                                                                                                                                                                                                                                                                                                                            tudo é triste
 porque estou triste.
 Neste domingo                                                                                                                                                                                                                                                                       até a chuva que cai                                                                                                                                                                                                                                                                   é pálida e acanhada

Era realmente um estado de solidão que causava dor, que causava ansiedade por uma companhia... Mas nem por isso deixei de escrever, de estudar para me auto-afirmar. Uma solidão do tipo “loneliness”, que me fazia sofrer. Depois daqueles tempos de Tubarão, parecia que era difícil ficar muito só, até porque as convivências não permitiam isso...

Talvez eu possa dizer que o ano de 2018 foi quase uma volta àquele tempo. Iniciei o ano e terminei o ano só, sem ter para quem voltar no fim de um dia de trabalho... Voltar para ninguém, já dizia meu amigo, poeta e cronista, Vítor Hugo Martins, pode ser dolorido. Bom é poder dizer, após um dia de trabalho, que em vez de “voltar para ninguém” se está voltando para sim mesmo.
Importante para mim poder reviver 2018 e  dizer agora, no último dia do ano, que este, seguramente, foi o ano em que muito vagarosamente, muito lentamente, fui transitando da loneliness para a solitude... Processo de osmose, um caminho árduo... Quantas vezes tive que lutar contra um outro eu para dizer que não me interessava mais ficar junto por estar, que não desejava aceitar qualquer convite para simplesmente não ficar sozinho... 
Quantas vezes quase adentrei novamente num falso caminho aparentemente salvador da solidão, mas que acabava mostrando desesperança. Como o lobo da estepe de Herman Hesse parece que às vezes há dois homens lutando dentro de mim e o caminho quase se perde, e tudo quase se perde, aquela conquista de mim mesmo, aquele estado de me sentir bem comigo mesmo, quase vai ao espaço em alguns momentos. Sem dúvida que tenho estado socialmente ativo para participar de filmes, de teatro, de uma vida fora de casa em eventos culturais ou acadêmicos. Mas o anseio por uma companhia ou uma companheira logicamente não tem sido preenchido por isso. O anseio pode se transformar então em dor.

 Porém, minha leve incursão na prática da yoga e na meditação budista vem abrindo meu coração e minha mente para eu poder perceber que há um tesouro em mim mesmo, portanto um grande valor em ficar só. Sim, é bom despertar para  algo de doce,  leve e luminoso na solidão (solitude, neste caso).  Agradeço muito por esta oportunidade de poder abrir uma janela de onde se vê que estar realmente só com pensamentos e sentimentos , pode proporcionar um crescimento no bem estar. Fui aprendendo, estou aprendendo ainda, que a verdadeira solitude, a boa solidão, ajuda-nos a refrescar nossa mente, nosso coração, e aí nos oferece a possibilidade de tirar o melhor que uma mente relaxada e um coração aberto podem conseguir... Solitude, poderíamos dizer é a solidão de alta qualidade, solidão que livra-nos de estímulos externos prejudiciais à  criatividade e que nos impedem de abrir nosso coração. Parece que foi Thomas Edison que disse que os melhores pensamentos surgem quando estamos realmente só e os piores são os gerados em momentos tormentosos em multidão.  
Agradeço, por isso, ao CEBB pela oportunidade dos estudos e da pratica da Yoga. Todos os seres se beneficiam quando estamos bem conosco mesmos. Textos budistas também me sugeriram que a gente descobre na solidão valores que temos e valores que devemos cultivar, desenvolver: a Paz de espirito, o estar por completo (“Onde estiver, estiver esteja por completo” a mensagem que recebi.). Isso não significa, porém, que a gente não busque mais a companhia ou o ato de  partilhar... Aliás, a partilha fica melhor quando descobrimos os valores que temos e queremos trocar com outros.
Algumas leituras neste campo de pensamentos também me encorajaram a perceber o benefício da solidão, de estar bem comigo e iniciar um relacionamento somente quando estiver totalmente bem com minha solidão. 
Assim, a  busca por uma companhia ou por uma companheira não seria, ou não será para fugir da solidão, mas sim, para partilhar um mundo melhor, para beneficiar alguém e ser beneficiado com sua companhia...Poder oferecer algo, poder suavizar uma dor, poder encorajar alguém em seu caminho duvidoso só é possível quando nos conhecemos, quando reconhecemos que podemos ser luz para alguém. Isso promove um refúgio em nós mesmos e ao mesmo tempo a abertura para ajudar outros traz conforto para o espírito.
Quero continuar 2019 com a intenção de procurar dentro de mim mesmo um lugar onde possa viver momentos de solitude, de sentir me bem, um lugar onde eu possa me RENOVAR, onde a estação da primavera ofereça novas flores, novos perfumes, novas cores, crenças e criações. Assim haverá possibilidade de beneficiar outros seres

quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

Procura-se cura

Fique até amanhã

"Bleib bei mir bis morgen", diz a cançao. 
E eu grito atrás. 
Blei bei mir bis morgen, 
Durma nos meus braços ,
 como por muitos anos fez.
Espante o vazio desta casa
arrume um jeito talvez
de tocar minha alma
de amenizar a saudade
e raspar a felicidade
......com olhos fechados...

Não quero ouvir
"it´s over now..."
mesmo com tropeços
pode haver para nós...
um novo começo...

um novo "para sempre"
mesmo que termine

por favor , me ensine
a curtir esta ausência..




bleib bei mir bis morgen

sexta-feira, 30 de novembro de 2018

wordless poem

A borboleta
não precisou de palavras
para escrever um poema
tão elegante!
e eu aqui , pensante
ainda rabisco
e arrisco
escrever
descrever
o instante.

Por
que
não
ser
simples
como
a bor
boleta
e
bor
bo-le
trar

e
mer
gulhar
no
poema
como
na água
a descer
a cacho-
eira
num
dia
qualquer
ou
em noite
de es-
trela?

vazio

A cadeira vazia
ali em frente
me diz:
ela está ausente
e , com razão,
o coração,
ah, sente!

segunda-feira, 26 de novembro de 2018

Peça de um Quebra-cabeça alheio --- Por Maíra Maia

Por Maíra Maia **


Joseph Campbell fala que se você pode ver o seu caminho indicado na sua frente, passo a passo, certamente não é o seu caminho.

Mas então por que insistimos? Talvez porque o caminho já esteja ali aberto, diante de você, parece não oferecer nenhum perigo, nenhuma incerteza. E aquele que trilhou esse caminho está feliz, garantiu que são esses os passos que levam direto para tal felicidade. Então você segue, mas conforme vai avançando sente um desconforto. É como uma farpa que parece nem estar ali, mas dependendo de onde você toca traz o incômodo. Você ignora, foca no fim da jornada, lá provavelmente terá um X no chão e o seu tesouro. E com essa ideia você se enche de esperança e continua. Num dado momento você se sente enganado, o caminho parece não dar em lugar nenhum, você se sente cansado, confuso. Então ouve falar de um outro caminho. Assim vai seguindo por vários caminhos que não são o seu. Tudo é tão pesado, sem sentido, não há mais força. Você cai e dessa vez não resiste à queda, você se rende e se pergunta: E SE EU TENTASSE O MEU?!?

Você inicia seu caminho, mas sente um cansaço além do normal, de alguma forma, que não é capaz de explicar, sabe o que é preciso fazer. Há que aprender a deixar situações e pessoas irem, você não pode carregar todo esse peso com você. Há que aprender a deixar-se ir, dar adeus a pessoas, planos. Acontece que você não conhece outra forma de viver que não seja controlando, se apegando, se prendendo, interpretando. Você se perdeu nessas máscaras, roteiros, caminhos alheios. Ei, você esqueceu quem é você! Mas você sabe quem não é, você não é
essas identidades, você não é essas personas. Ei , desperte!!!Você é o que é. E simplesmente precisa ser. Apenas permita-se ser.

Conforme você vai dando seus passos, deixa para trás os EUs que havia aceitado como sendo você, ainda que saiba que nada disso é você, doí largar, mas ´tá tudo bem que você sinta medo, ´tá tudo bem que precise de umas pausas para se restabelecer, ´tá tudo bem que você derrame umas lágrimas. ´tá tudo bem que você resista e não queira largar algumas identidades. Tá tudo bem que você caia, sinta-se confuso, não saiba onde vai dar o próximo passo e se angustie. Tá tudo bem que você se sinta sozinho. Tá tudo bem que você não confie e queira desistir desse seu caminho e voltar. É hora de trabalhar a fé, a confiança, porque você sabe que não há nada lá atrás, o que há é o agora, você escolheu um caminho sem volta. Mas você sabe que não importa a confusão mental, a incompreensão, os inúmeros tombos, você vai sempre levantar e seguir, porque há uma canção ai dentro, que te conforta, te anima, faz você sentir, ainda que por um átimo perdido em um milésimo de segundo, quem você é, e o que veio fazer aqui.

Já faz algum tempo que você se sente tão bem no seu caminho, ‘ta tudo tão confortável, em paz. Então você pensa: acho que posso saltar uns degraus, acho que já posso alçar voos mais altos. você se lança...e, por mais inacreditável que pareça, você cai. E você não entende o motivo disso acontecer. Para você não faz nenhum sentido. É como uma peça de um quebra-cabeça alheio que veio parar em meio ao seu. É como uma grande piada do universo, em que você é o único que não está a rir. Pode ser que você tenha que aprender a pedir, aprender a aceitar ajuda. você se dá conta de que ser forte ou fraco não tem nada a ver com o conceito que estava no dicionário da vida que você leu. Percebe que engolir o choro desde criança não te fez mais forte, que cair não te tornou mais fraco. Que pedir ajuda não é sinônimo de fraqueza, assim como esconder suas dores, até mesmo de si não te dá uma super força. É. você percebe que vai ter que revisar algumas lições, que pensava já ter aprendido, mas só que não.

Você nota que esse seu caminho, de dentro para fora, não é medido em quilômetros, tempo, então não precisa atropelar seus próprios passos, a medida usada nesse seu caminho, são as aprendizagens e os ensinamentos. Apenas tenha calma, paciência. Ainda são seus passos iniciais. Você é como uma criança. Aquela criança que ao se sentir contrariada, esperneia, cai em prantos, cansa de chorar e adormece, logo depois, acorda renovada, cheia de energia, sorrindo, sem nem lembrar o motivo de tanto pranto, de tanto sofrimento. Acredite! você nunca está sozinho, é que quando você se abandona costuma se sentir assim, mas essas que aí estão, são as pessoas certas para o seu caminho, nem boas, nem más, você quem está dando máscaras a elas. Essa pessoa, assim como você, é o que é, pode levar um tempo, mas compreenderá. Assim como já compreende que nessa vida nada é seguro, nada é permanente. Que por várias vezes terá que se desfazer, se reconstruir. Que você está nesse processo de dar-se conta de si. Você não esta mudando, mas sim relembrando quem é. Respira! Não deixe a mente te arrastar. Esteja presente. Você está no local e com as pessoas que deveria estar. E como sabemos disso? Simplesmente porque você está aqui e não em um outro lugar.
Maíra Maia ; )

domingo, 25 de novembro de 2018

borboleta Azul


Miguel Nenevé – num domingo

                                       à pessoa que acolhe a borboleta que nela habita.
                                 
Era uma borboleta
Nem branca nem preta
Mas azul cintilante
Junto à cachoeira
Dançava faceira
Viva e vibrante

O inseto brilhante
Num voo rasante
Risca a corrente
Desce ao fundo
Visita outro mundo
Tão diferente.


Borboleta , me diga
Se é minha amiga
 os segredos da água|
Me fale também
no mundo do alem
há dores e mágoas.?

Borboleta animada
 como se nada
em uma cascata?
Como mergulhar
voltando a voar
livre na mata?

 Sobre a essência
e a impermanência
quanta reflexão!
o voar e o nadar
sorrir, bubuiar
com gratidão.!

Oh Papillon,
da cor da leveza
de certa incerteza
me deu  uma lição:
de encanto e beleza
de Deus natureza...
de fé e afeição

 Escrevi este poema baseado no que eu vi , quando juntamente com Miguel Navarro observávamos a Cachoeirinha e vimos um linda borboleta azul ser colhida pela queda d´água. Quando pensávamos que ela tinha morrido, eis que surge das águas...voando para o alto.. Um caso de ressureiçao...Sem dúvida...Achei que deveria escrever. E li o poema em um Luau no dia 23/11/2018....Na Cachoeirinha....


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Asas para voAR

Asas não se  partiram
Mas partiram para o alto
Para o longe
 em combinação
Com o  coração
Com a liberdade do AR
De simplesmente VOAR


A borboleta auzl
Sabe ser bela
Entre o céu e o chão
Borboleta de luz
Na sua mansidão
Respingou no ambiente
De desapego,
De desprendimento
De flutuar
No seu momento...
Leve, solta
Ao sabor do vento...

Borboleta tão  breve
Passou e deixou

Um toque de elegância
Um sopro de fé
 ar de fragrância
.................
Papillon, passou
Frágil, ligeira
Lépida, faceira
Convidou-me a amar
A vida por inteira


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Domingo, 11 de novembro.




quarta-feira, 19 de setembro de 2018

International Women´s Day - Let us celebrate - "Nós, Mulheres" by Rose Siepamann

e                >
International women´s day
let us celebrate not only the power, but, yes the beauty of women. We also celebrate “l´ecriture feminine.”
Dia Internacional da mulher: vamos celebrar nao somente o poder, mas, sim, a beleza da mulher. Vamos celebrar também lécriture feminine. Este é uma crônica da Rose Siepamann apropriada para este dia                               

            Nós,  mulheres
                                                     Rose Siepamann

         “To comprehend a nectar/ Requires the sorest need."  (Emily Dickinson)

Relendo um jornal antigo que encontrei enquanto fazia faxina em uma das gavetas da cômoda, notei surpresa que a autora era a consagrada Isabel Allende. O jornal é “POPULAR Newspaper” edição do dia 21 de Abril de 2010 que é vendido em todo Estado de Colorado. O artigo tem como titulo: Carta de una Mama a Sus Hijos” . Tentarei repassar a mensagem porque apesar de obvia, é importante as vezes que alguém ou algo nos lembre o que é ser mãe. Assim começa Allende: Siempre que quieren hablar de madres en la television muestran mujeres con chicos en los brazos, sonrientes, dulces, carinosas, sin una pizca de cansancio, esplendidamente maquilladas y a eso agregan maravillosas frases de posters. !! Mentiras!!!
Quem já é mãe ou mulher já sabe que a autora tem toda razão. Usando a linha de raciocino ainda de Allende: Nos mães não somos mulheres abnegadas amantes do sacrifício, guerreiras sempre. Nos mães choramos abraçadas a almofada quando ninguém esta por perto pra nos ver, pedimos peridural na hora do parto para amenizar a dor, detestamos ter que colocar o despertador as duas da manha pra buscar o filho na festa. Não gostamos quando a professora baixa a nota dos nossos rebentos só porque ele(a) não sabe onde fica o Aconcagua, afinal a quem isso importa? Mas, não podemos dizer nada!!!
Não é que adoramos ficar horas na cozinha pra preparar um peixe que não tenha cheiro de peixe e dissimulando os legumes e as verduras pra que nossos filhos comam e cresçam como deve ser.
Não é que nos preocupemos se estão na chuva ou não, é que não queremos que adoeçam. Não é que los amamos mais quando se banham... é que não queremos que os outros os chamem de “sujinhos” .
Mãe não tem a ver com fraldas, gravidez e sorriso de aspirante. Tem a ver com Querer a Alguém mais do que a nos mesmas. É fazer qualquer coisa para evitar que vocês filhos (as) sofram... nada, nunca, jamais.
Quando chegam correndo porque se machucaram o pezinho, permitindo que nos demos consolo, quando nos fazem um elogio, nos fazem melhores.
Ate passamos a cantar as canções da Xuxa ou ouvir rock em alto volume mesmo que estes estilos passam longe do nosso gosto musical. Estudamos a tabuada repassando umas 500 vezes para que aprendam, vamos ao futebol, as festinhas de crianças, ao bale, ao teatrinho da escola, ao medico, ao dentista, comprar calcas, uniformes, mochilas, borrachas coloridas e jogos de “play station”.
A cada manha lavamos o rosto ou saímos do banho com um sorriso de orelha a orelha para fazê-los saber que a vida é boa, mesmo que as coisas estejam indo de mal a pior.
Buscamos outro trabalho, compramos livros, estudamos, vamos ao psiquiatra, ao pediatra, negociamos com os credores e com os professores, ajudamos no dever de casa. Embelezamo-nos, nos irritamos, rimos, choramos de bruxas nos convertemos em fadas, somente para vê-los felizes. Ve-los felizes nos faz felizes. Que bom seria se pudéssemos em apenas um estalar de dedos fazer com que o mundo fosse melhor!
Obrigada filhos por nos fazerem tão importantes.
Obrigada pelos abraços e beijos, pelos dentes de leite, pelos cartões e cartinhas com desenhos dependurados na geladeira. Pelas muitas noites sem dormir, pelos boletins, pelas plantas quebradas no jardim durante os jogos de bola, pelo meu estojo de maquiagem arruinado, pelas fotos das festinhas de São João.
Tudo isso são nossas medalhas! Obrigada pelo teu amor. E é isso que nos faz grandes,

segunda-feira, 17 de setembro de 2018

O anjo declarou

O Anjo Miguel,
meu amigo do além
falou-me em segredo
que o amor já vem

E aguardo confiante
 esta grata promessa
que venha o amor
que chegue, que cresça.

domingo, 16 de setembro de 2018

Nada é em vão

As palavras que cantei
os poemas que recitei
não foram em vão
mesmo não sendo ouvidos
por quem me inspirou..

Pus a alma em cada sentença
empenhei-me em cada gesto
senti o sabor do que pronunciei
em cada silaba que sussurrei
em cada movimento
da mente
senti o alimento
para continuar a viver
com sonhos e esperança.

Ela não ouve, recusa
mas é ainda é minha musa.

o que se fala do coração
não pode ser em vão..

a coroíra deixou um ninho


A coroíra
Passeriforme
Passeou pela meu caminho..
Voou...e deixou um ninho.
Ainda cuido com carinho..
Não o destruirei
Se ela não voltar
(o amor não cabe?)
Que se acabe
Sozinho
Natural-mente
Devagarinho....


segunda-feira, 13 de agosto de 2018

AS CIGARRAS NO PARQUE

Enquanto praticávamos Yoga no Parque em um domingo de manhã ouvia as cigarras soltarem todo o ar dos pulmões praticando seu OHM com uma força que se fazia ouvir em todo o ambiente. Aquele som da cigarra para mim agora significa algo muito mais positivo do que há muitos e muitos anos (na realidade 38 anos atrás) quando este mesmo canto de cigarra soava, lânguido, tristonho e macambúzio em Jaraguá do Sul, na época em que estava no Noviciado. Aquelas tardes calorentas naquela estação do ano traziam um sentimento de inesperança, de não ter certeza sobre o que viria pela frente, que batalha enfrentaria. No meu íntimo eu já sabia talvez que não queria ficar lá, que não era para ser um padre, mas queria aguentar para poder iniciar a Filosofia em Brusque. Tempos passados que as cigarras do parque me trouxeram para o presente num domingo de manhã, no "Parque Circuito" de Porto  Velho. A história da cigarra e da formiga em que a formiga era a heroina e a cigarra a bandida também me vinha à mente. Na infância, quando a professora do primário contava a história, eu achava que aquele canto era realmente um canto que desagradava, algo que poderia, sim gerar a punição. Um canto de uma cigarra vagabunda em face a uma formiga laboriosa.
Agora, porém, ali no "Parque Circuito", praticando exercícios com um grupo de pessoas próximas, a cigarra era tão companheira, tão animal-quase-humano, participando de nossa prática, de nosso esforço para conjuminar com a natureza..
O inseto cantante ficava nos lembrando da  senciência não-humana. de como os não humanos podem também sentir, experimentar dor e alegria...Depois me veio a pergunta: estariam as cigarras sentindo dor ao emitirem seu ohm? Ou estariam somente querendo nos inspirar para um OHM mais perfeito, mais alongado, mais vibrante e mais em contato com a natureza. No meu caso, foi , sim, uma inspiração para pensar neste mundo das cigarras e para me sentir mais como vivemos em harmonia com a natureza e como o canto da cigarra, pode ser uma nobre orquestra sinfônica.
Se por acaso cantarem inspiradas pela dor, seria a dor do fim de suas vidas por isso um canto tão estridente,  uma voz tão "gritante" ? ( Sabemos que há cigarras que atingem  120 decibéis com seu canto estridente). Estariam lamentando  sua chegada à fase adulta  que é bastante curta, poucas semanas apenas?
.Talvez não possa ser tristeza pela chegada dos últimos dias,pois terminado este ciclo, recomeçam....As cigarras retornam todo o verão, elas re-vivem. e aqui outra lição: aprendemos a aceitar as estações, a viver felizes na impermanência, cientes que nada perdura, que tudo caminha, que as estações servem para revigorarmos...e vivermos sem muito apego.

sábado, 7 de abril de 2018

CONDOR: A REFLECTION ON A COMPANY´S HISTORY, MEMORY AND LEADERSHIP

Mário Neneve , Miguel Nenevé - 

Abstract:
In this article we propose to discuss the importance of authentic leadership for the success of a company. We focus our study on CONDOR, a company from São Bento do Sul, Santa Catarina, Brazil. We explore the history of the company since its foundation and the importance of the founder´s leadership. In addition to this, we show how the leadership of founder’s successors, especially during the transformation process was essential to the company´s success. Our study is based on scholars such Avolio and Gardner, (2005) among others who discuss changes in companies which start as family companies. Besides, we explore the history of Condor company based mainly on the work developed by Baumgarten (2015). Our research leads us to a conclusion that in the transformation process from a family company into a joint-stock company the leader who conducts the changes plays a very important role.
DOI; 10.22161/ijaers.5.3.31
      IJAERS - International Journal of ISRA JIF-1.317| PIF-2.465|SJIF-4.072|NAAS-3.18
Advanced Engineering Research and Science Page No: 237-24
Para acessar é preciso ir para:
 http://ijaers.com/detail/condor-a-reflection-on-a-company-s-history-memory-and-leadership/

Hoje finda, mas foi linda!


Era linda, charmosa , objeto de vários olhares
Sonhava em voar,  navegar, conhecer outros mares

Seu marido atento,  controlava os seus passos
A flor delicada  era frágil ,  não fugia do laço.

Em casa trancada, sem asa de libertação
Foi se enchendo de  cruzes e  decepção

Engordou , enrugou  em seu mundo isolado
 E o marido vendo aquilo ficou sossegado

Sua mulher  já não era princesa era bagaço
Dos  sonhos do céu  só sobraram pedaços.

Desiludida, cansada da vida em depressão
Doente, carente, sem nenhuma atenção

E o marido  seguro que ela era só sua
Nem ligava quando  a via  quase nua.

Um dia sem fé, sem ânimo ela não quis levantar
Só queira morrer, partir para ourto mar.

Assim acabou a história da linda mulher
Que teve um homem que queria lhe “proteger”

quarta-feira, 28 de março de 2018

A FÉ QUER SAIR DO MEU CAMINHO

A FÉ
QUER SEGUIR OUTROS RUMOS
QUER FESTEJAR EM OUTROS CANTOS
QUER EXPERIMENTAR OUTROS MANTOS

E EU....QUE VIVIA NO SEIO DA FÉ
PARO PARA PERGUNTAR:
DÁ PÉ, ANDAR SEM FÉ?
NÃO DOU FÉ,

EM FÉ DA QUAL
FICO MEIO MAL...


sexta-feira, 23 de março de 2018

SÓ - RIA

Teu sor-riso
pôs um sol
no minha solidão.
só, senti
um poema
na ponta
de tua feição.


segunda-feira, 19 de março de 2018

Entrevista publicada no Kaieteurs News - Guyana






























https://www.kaieteurnewsonline.com/2010/02/07/bridging-guyanese-and-brazilian-literature-part-2/

segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Olhe para quem te acolhe, nunca mendigue atenção


                                               Miguel Nenevé e Vera Flores

Enquanto  observamos o fluir das águas amazônicas, às vezes meio revoltas, às vezes mais calmas, provocando um sussurro com seu movimento em direção ao mar ou para um rio, podemos observar a vida a correr, fluir, passar em busca de algo a mais....Assim, se enlaçam os relacionamentos sejam eles amor ou amizades. Fluir como o rio é contornar obstáculos que surgem em nossa vida, é desapegar-se do que nunca deveríamos ter nos apossado, é levar conosco o que nos pertence e deixar se for necessário. É permitir que alguém entre em nossa vida e esteja livre para sair.
O rio nos faz ficar pensando sobre o apego, sobre pessoas, sobre o amor, amizade e liberdade de fluir como as águas. Centramos nossa reflexão no apego, porque de certa forma já vivenciamos isso. Quem não teve problemas para deixar que as águas fluíssem ? Temos às vezes dificuldades em promover  o  “Des-apego”. Desapegar-se é desenvolver-se emocionalmente rompendo os vínculos que nos limitam; é tomar consciência de que a minha felicidade não depende do outro. Sentir a necessidade de ter o reconhecimento de outras pessoas é um tipo de apego chato, e vai colaborando para perdermo-nos de nós mesmos.
O apego, portanto, pode ser justamente esta dificuldade de deixar fluir, esta vontade de segurar a água, isto é, algo que deve ir, esta luta para que as águas não fluam como deveria ser. Pode ser o deslumbre por algo ou por alguém. Ficamos numa situação em que insistimos em preencher vazios com a vida de outra pessoa sem perceber que precisamos descobrir em nós mesmos o que nos falta. As expectativas criadas em relação à outra pessoa podem gerar frustrações, com certeza. 

Por isso neste caso, estamos nos referindo especificamente ao apego a alguém, a uma pessoa.  Às vezes, admiração exagerada a quem quer que seja leva-nos a não perceber que as águas devem fluir para outros lados, faz-nos cegos a nós mesmos e ao nosso fluxo de vida. Isso pode acontecer em casos de querermos suplicar e até mendigar uma atenção. Toda vez que isso acontece, sem dúvida, há uma submissão, que se torna um obstáculo no curso normal da nossa vida.
Sabemos que ninguém é inferior a ninguém, que todos são iguais, que todos têm sua qualidade, que cada um tem o seu curso, que cada um pode ser comparado a um rio que desliza para o mar. Sim,  isso todos sabemos. Por uma lógica perversa, no entanto, por um ato inconsciente, muitas vezes a pessoa de quem pedimos atenção se julga superior e acaba menosprezando-nos, julgando-nos sob seu domínio e diminuindo nossa capacidade de pensar, de agir, enfim cegando-nos às nossas qualidades e até à nossa inteligência.

Ninguém pode nos menosprezar tanto quanto nós mesmos. Além disso, parece ser uma característica do ser humano  desprezar quem lhe super valoriza, de invalidar quem ele toma como certa uma dependência. Tomar como garantida uma atenção ou uma dependência pode levar-nos a desprezar a atenção, os favores e tudo o mais que recebemos da outra pessoa. A pessoa que acaba se julgando “superior” por solicitarmos sua atenção vai sempre mostrar indiferença para conosco. 
Insistir em querer ser prioridade na vida de quem nem consideração nos oferece , solicitar ou até mendigar atenção desta pessoa, com certeza só pode alimentar mais ainda  o desprezo da pessoa por nós. E isso pode nos afundar na baixa auto-estima. Lembremos o que  dizia Carl Sandburg,“ O tempo é a moeda da sua vida. É a única moeda que você tem, e só você pode determinar como ele será gasto. Tenha cuidado para não deixar outras pessoas gastá-lo por você”. Por isso, desapegue de quem já não te dá atenção, deixe o rio fluir (deslizar)... luir (acenar)