sábado, 16 de janeiro de 2016

Poema simples para celebrar 50 anos de futebol de irmãos.


Aos 50 Anos de futebol do CAN
                                               Em 09/01/2016 – Miguel Nenevé
“Tudo que sei sobre moralidade ou obrigação eu devo ao futebol” (Albert Camus – escritor francês )
                              
Amigos , prestem atenção
No que contarei a vocês
Foi no século passado
 Ano de sessenta e seis
Que o time do Pirizal
Reuniu-se pela primeira vez
E logo ficou conhecido
Como o time dos Nenevês

Um princípio bem singelo
Foi tomando dimensão
O time foi ganhando força
Dando exemplo de união
Por muitos ficou conhecido
Como “Time dos nove irmãos”

Mauro, Aldo, Nilton e Nelson
Os primeiros componentes
Junto com Antônio  José e Mário
E alguns vizinhos e parentes
Deram o impulso inicial
Pra levar o time em frente:

Um campo de futebol
Era uma coisa urgente
Logo todos se reuniram
Para plantar a semente
E começaram a trabalhar
Com um objetivo na mente
Ter um espaço para jogar
Livre e independente

O campo foi construído
Com esforço e valentia
Um trabalho em equipe
De união muito sadia
Depois do trabalho da roça
No final de cada dia
Para limpar a área
O grupo se reunia.

Mário, Angelo e  Mazinho,
Ivan,  Amauri e Vilmar
Miguel, Góio  e  sobrinhos
Passaram a integrar
Este grupo unido
Que vieram  reforçar



A este grupo agregaram-se
Outros parentes e vizinhos
Eram novos componentes
Seguindo  o mesmo caminho.
Também  amigos com a crença
Que esporte não se joga sozinho

Por todo este interior
De Santa Catarina e Paraná
O grupo nunca rejeitou
Um convite para jogar
E sempre acolheu a todos
No campo do Pirizal
Seja em jogo de campeonato
Ou apenas para treinar.

No ano de oitenta e um
Tiveram o apogeu
Participando de um campeonato
Que o município promoveu
Jogamos com nove irmãos
Mais o Antônio e o Tadeu

Exemplo de persistência
De muita força de vontade
Mais do que a vitória no campo
Valiam a união e amizade
Pois futebol é sobretudo
Uma grande irmandade
Quando se joga com respeito
Sem esquecer a lealdade

A todos que apoiaram
E que hoje aqui vieram
Ou que aqui já jogaram
E alegria trouxeram
Nosso reconhecimento
E um obrigado sincero
Isso podemos dizer

Como  orgulho vero

* Este poema foi escrito bem ao estilo do meu pai, Otávio Nenevé, justamente para lembrar dele que foi quem, apesar de não gostar de futebol, ajudou o time dos irmãos, seus filhos no início da formação do time...


terça-feira, 12 de janeiro de 2016

A Lingusitica, a escrita, a fala e a falha - Cronica publicada em PRIMEIRA VERSÃO

Esta crônica foi publicada em Primeira Versão, em outubro de 2010, resultado de um concurso de Contos e Crônicas promovido pela ADUNIR. Pode ser acessada tambem por este endereço: http://www.primeiraversao.unir.br/artigos_volumes/268_%20contos_.pdf


A linguística, a escrita a fala e a falha. 

Miguel Nenevé

O título desta crônica é mesmo uma alusão ao trabalho do respeitável Rajagopalan, linguista indiano radicado no Brasil e trabalhando pela UNICAMP há mais de dez anos. A Linguística que nos faz falhar provoca polêmicas discussões sobre língua, ensino da língua, preconceito e cultura. Gostaria de discutir sobre a linguística que nos faz falar e falhar. Mesmo meu propósito não sendo o mesmo do autor indiano, creio que este título me faz bem para o que quero sugerir. Ao adentrar o campus da UNIR, em um dia destes, pude ler, mesmo dirigindo, o anúncio em letras garrafais: “Congresso da ABRALIN – de 11 à 17 de setembro.” Sim o “a” estava craseado. O congresso reunia doutores em linguística de várias regiões do Brasil e até do exterior. Eram portanto, doutores em Letras. O cartaz provavelmente foi preparado por alguém que não é da área e não tem educação linguística. No entanto, não foi corrigido por ninguém. Isso me traz à mente muitos outros problemas relacionados ao nosso idioma que aparecem em anúncios na Universidade Federal de Rondônia. A data do vestibular, por exemplo,  vem sempre anunciada com “a craseado” antes do número que se refere ao dia.
 E assim, começo a observar o falar e o escrever em nossa instituição, principalmente de nossos professores. “Tu descreveu bem,” um professor doutor escreve para o outro. Então nem me refiro muito à língua falada que pode estar carregada de problemas gramaticais, mas a língua escrita, usada, muitas vezes em anúncios públicos. Uma vez entrei em sala de aula e me deparei com uma frase no quadro: “a dois meses não chove.....”, não sei se escrita por professor ou por aluno . Comentei com os alunos que a frase precisava ser revisada, e que deveria ter sido escrita assim: “há dois meses...” que neste caso devemos utilizar o verbo “haver.” Os alunos me responderam : “mas para a linguística não existe o errado, a linguística aceita tudo.”
 Pode parecer então que quem prima pela correção da linguagem, pela eficiência na comunicação é um conservador que não entende de linguística. Será? Isso sugere uma reflexão sobre o ensino da língua, da comunicação oral e escrita e da função da linguística. Em vez de dizer que “a linguística aceita tudo”, não seria melhor colocar em discussão o porquê da tendência em cometer estes erros, não desprezar a linguística, mas apontar para o uso culto da linguagem?
 Parece-me poder ser possível dizer que quem defende que toda a linguagem é correta, que a universidade deve se preocupar com coisas e causas mais nobres, está favorecendo o status quo, está sugerindo que saber bem a língua culta é algo para privilegiados e não para todos. Creio que é possível dizer também que é hora de discutir por que em nossa universidade agredimos tanto a língua portuguesa. É tudo culpa da linguística?

 Miguel Nenevé - Professor Associado do Departamento de Letras Estrangeiras. Atua como professor de Literaturas de Língua Inglesa no curso de Letras e como professor de Literaturas e Amazônia no Mestrado em Letras. Têm publicações nas áreas de Tradução, Estudos pós-coloniais, Literatura Canadense, Literatura de viagem sobre a Amazônia e Educação na Amazônia.