Froom
Warsovia to Kielce by train
Miguel
Nenevé
O professor Expedito Ferraz (UFPb), chama isso de “bônus da
vida”. E a vida de vez em quando dá um bom bônus para a gente. É talvez um
pagamento por alguma coisa, uma recompensa, ou não sei, mas algo que serve para
dizer que vale a pena viver. Hoje eu ganhei um bônus e fiquei feliz como guri
que ganha um presente e quer mostrar a todo mundo.
Na estação Central de de Warsovia onde fui para comprar um bilhete para Kielce
ninguém falava inglês, nem nas bilheterias nem nos “serviços de informação” .
Consegui comprar o bilhete com poucas expressões em polonês que a vida ou minha
mãe me ensinaram. (Mas todas elas foram
importantes). Naquela estação central de
Warsovia ("Centralna"), cheia de pessoas,
de trens, de Plataformas, de pistas, foi difícil descobrir onde embarcar para
meu destino. Consegui o feito, porém, perguntando para um policial aqui, um
outro lá....
Quando o trem chegou, entrei muito duvidoso se
estava tomando o trem certo , entrando no
vagão certo, na cabine certa, o assento (OKNO) era o 96, eu tinha certeza.
Entrei naquela cabine, sentei naquele assento e fiquei olhando, esperando a
partida. De repente entrou uma linda mulher na mesma cabine. Eu logo fui
perguntando se eu estava no local certo, no trem certo. Ela falava inglês e me
respondeu que o assento era o 96 mesmo,
mas o vagão era outro, o 18 e não o 19. Eu fiz menção de sair e ela disse ,”
mas se quiser pode ficar aqui.” Fui
ficando. Vi uns sinais em russo e quis saber se todo o mundo entendi a russo na
Polonia. Aí começou a conversa. Aí que eu fui perceber a beleza inacreditável
da mulher. Impossível, eu pensei, uma mulher tão linda, de extrema beleza, tão próxima, tão simpática. As três horas e
meia de viagem de trem, foram-se, voaram...Conversamos sobre livros, viagens
(ela tinha ido a Australia e a Italia), tudo....E que mentalidade aberta, que
visão de mundo que combina com a minha. Quando falei que meu nome era Miguel
ela disse, Meu é “Michalina, que
coincidência””” No final , ainda disse que tinha tido sorte de me
encontrar. Quando perguntei sobre o livro que trazia na mão, ela disse que era
sobre como provocar impacto nas pessoas. Eu lhe disse: “você não precisa ler o
livro, você tem que escrever um, você causou um impacto em mim, já estou
adorando a Polônia.” E esta lembrança ressurge como uma boa música que parece permanecer
em nossos ouvidos.
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