HAWAI O ESPÍRITO ALOHA, AS
CONTRADIÇOES E O DESAPEGO E O MUNDO CAPITALISTA
Rose Siepamann[1]
Quando se menciona Havaí,
normalmente se pensa no mais recente estado americano localizado no Pacífico
que desperta nosso interesse pelo lindo cenário natural, pelo clima tropical
suave, pela abundancia de praias maravilhosas e principalmente Pela fama por
ser um local propicio para a prática de Windsurf. Minha recente visita ao
local, no entanto me sugeriu outras reflexões e é sobre isso que quero escrever
neste espaço. Quero falar sobre a cultura do povo polinésio, discutir valores e
propor repensar algumas praticas. Comecemos então pelo indispensável espírito “Aloha”....
“ Aloha”, na realidade tem três ou mais significados: oi, tchau e “te
amo” no sentido de irmandade, amor fraternal. Além destes significados comuns
pode também pode significar estado de espírito, estar em contato correto com a
natureza, estar de bem, estar em paz. Isso nos estava explicando um nativo de uma
das ilhas do Havai. Depois de passar alguns dias em Honolulu e ouvir
repetidamente a palavra me convenci que aloha evoca o amor fraternal que tão em
falta esta.
Embora, sabendo que as
pessoas quando estão de ferias tendem a relaxar e automaticamente se
comportarem de forma mais gentil e paciente, eu estava impressionada com o
tanto de gentileza e paciência vista naqueles dias. Completos estranhos de
muitos diferentes países e culturas
cumprimentando-se. Pessoas pacientes e sorridentes esperando nas
gigantescas filas por uma mesa no restaurante ou pra pagar a conta no
supermercado. Todos obedientes ao sinal vermelho pra cruzar as movimentadas ruas.
Ninguém a xingar se um carro avança um pouquinho quando deveria dar a vez.
Gentes de muitas nações parecem falar e entender a mesma língua, a língua do
Aloha!
Na praia um casal me abordou
pra me dar duas bóias que haviam ganhado de outras pessoas, a condição era que
eu passasse adiante quando já não as quisesse. É o espírito do aloha, me
disseram eles. No entanto, é preciso dizer que
o desapego e o consumismo caminham na mesma via. Um paradoxo! O comercio
como em qualquer lugar badalado e muito grande e diverso e faz parecer que a
gente precisa de tudo aquilo ou pelo menos algumas daquelas coisas para ser
feliz. Quando em contato com a natureza, nas praias mais distantes ou nas
montanhas, esse sentimento desaparece e o que eu sentia era o tamanho da minha
pequenez diante de tanta perfeição natural, mar, árvores, montanhas e rochas
desenhando paisagens que faz qualquer um respirar fundo para inalar um pouco de
tanta grandeza.
Todos sabemos que o mundo
anda cheio! Cada vez mais temos que dividir espaço com os da nossa espécie e da
mesma forma competir para “conquistar nosso espaço”. Nunca somos
suficientemente bons! Temos que estar em constante busca por melhor emprego,
por mais dinheiro, por carros, celulares, televisores e roupas mais modernos. Amamos
com condições, a maioria das vezes. Amamos nossos companheiros se eles se
“comportam de maneira satisfatória”. Amamos mais os nossos filhos se eles
estudam e tiram boas notas na escola. O espírito do Aloha
que experimentei por alguns dias me fez repensar o “ser ou não ser”. Estaria
eu, ou estaríamos nós, como ramsteres na gaiola correndo naquela rodinha de
plástico sem chegar a nenhum lugar? Ou somos parte de algo muito maior? Ou tudo
o que vemos e fazemos e parte de um grande plano? Seria super bacana se pudéssemos,
mesmo sem estar de ferias, controlar nossas impaciências, nossas pressas, nossa
intolerância! Viver como se acreditássemos que vamos morrer! Eu quase nunca me
lembro que a morte e inevitável pra todos os vivos inclusive pra mim.
Por fim, o que de fato me
motivou a escrever estas simples linhas foi a minha intrigante busca pelo amor
fraternal. Aloha amigos
Nenhum comentário:
Postar um comentário