Miguel Nenevé & Rose Siepamann
Cada forma de vida apóia outras formas, juntas elas tecem a grande teia da vida. Portanto não há felicidade para uma pessoa individualmente e nem sofrimento que aflija somente os outros. (Daisaku Ikeda).
Início de ano é tempo para ouvirmos várias previsões sobre o ano que se inicia. Buscam se as pessoas que têm poder de precognição, de adivinhação, de “mancia”. Assim, buscam-se também receitas para prevenir o que pode causar dano e atrair o que pode causar sorte e bem estar. Aí que aparecem os votos, os desejos, planos e projetos para o ano que se abre diante de nós. Procuram-se às vezes magias e mágicos que podem nos orientar a conseguir as coisas boas. Saúde, Paz e Prosperidade sempre aparecem entre os almejos, desejos e votos. Basta ler os cartões de fim de ano para confirmarmos isso. Parece que sempre precisamos da magia dos experts para conseguir o bem e evitar o mal, como se tivéssemos que sair do nosso mundo para que alguém por meio de um contato com outros mundos e astros pudesse prever o futuro. Existe até aquela frase famosa: “boa lua, redonda lua, lua cheia que aparece, permita-me prever, o que no futuro me acontece.” Assim também parece acreditarmos que a Paz, a Saúde e a Prosperidade dependem do que é exterior ao nosso ambiente.
No entanto, uma pequena reflexão sobre o tema pode nos convencer que tanto a Saúde, a Paz e a Prosperidade não podem existir sem uma ação nossa, sem algo que saia de nós mesmos, de uma profunda convicção. Tudo está integrado, como diz Ikeda, cada forma de vida suporta outra forma. A saúde depende da paz, da prosperidade, do bem estar das pessoas, do cultivo de bons hábitos, do respeito à natureza e assim por diante, E nada se pode conseguir individualmente. É impossível pensar em saúde somente para mim se o meio em que vivo não é saudável, se há pessoas doentes, se há gente sofrendo carência de atendimento. Assim a Paz também. Como vou pensar em paz para mim, se não há paz dentro de mim, se não ofereço paz, como posso recebê-la? Se “gentileza gera gentileza”, não poderemos receber gentileza enquanto não a oferecermos. Vejamos o exemplo do trânsito em nossa cidade: se só pensarmos em “levar vantagem” em tudo, como podemos esperar gentileza de outra pessoa? Se não transmitirmos paz, não haverá paz para ninguém. É impossível ter paz sozinho, sem se importar com o outro. O mesmo quando se fala em prosperidade. Como prosperar, como “ter fortuna favorável”, como crescer economicamente dentro de um mundo que não prospera, que impera a desigualdade? Seria como uma flor crescendo em meio ao lixo. Então, se há alguém que sofre, há alguém que tem fome, ao lado não é possível falar em prosperidade. Se ainda há vitimas de violência, de medo, se ao nosso redor o mundo vive desequilibrado, adianta a minha “prosperidade”?. Como diz o poeta inglês John Donne. “Homem algum é ilha” por isso “a morte de cada homem me diminui, já que faço parte da humanidade.” O poeta conclui com aquela famosa frase “por isso, não mande perguntar por quem os sinos dobram, eles dobram por você.” É de nosso mundo, portanto, que pode vir a Saúde, a Paz e a Prosperidade. E isso só é possível se pudermos pensar no todo, se acreditarmos que o sofrimento de cada homem também nos atinge.
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