A Maquina
da Felicidade
Rose Siepamann *
Should a
“Happiness machine” be something you can carry in your pocket? Or instead,
should be something that carries you in its pocket? One thing he absolutely
knew. The “Happiness machine” should be bright! (Ray Bradbury-Dandelion Wine)
O tema da felicidade ‘e complexo e variado. O que me faz feliz quem sabe
não fara a outra pessoa feliz? No
entanto, algumas coisas são universais: amor, compreensão, amizade, carinho,
respeito e tantas outras emoções quando usadas de maneira correta podem e
deveriam nos encher de felicidade. Mas, por não serem palpáveis às vezes fica
difícil de reconhecê-las.
Contava meu pai, em um de seus causos antigos, que um homem com
grande fama de cientista depois de um
longo debate, com seus companheiros de jogatina e bebida, a respeito de temas
como alegria e a tristeza, foi provocado por seus amigos para criar a “Maquina
da Felicidade”.
Desde que foi agraciado com o desafio ele não podia mais dormir ou comer
direito. Todos os esforços deveriam concentrar-se na criação daquilo que seria
possivelmente a cura para a tristeza.
Na área de sua casa ele juntou
ferramentas, metais, madeira, pedras e outro tanto de materiais que
possivelmente poderiam ser usados na construção da tal maquina. Sua esposa e
filhos passaram a ser negligenciados em nome do invento. Ele aparecia para
comer e dormir algumas vezes. Já não tinha tempo para sentar-se e desfrutar de
uma boa conversa, um mate, uma visita à bodega entre outras coisas boas.
Meses passaram-se e do inventor pouco se sabia. Algumas pessoas
começaram a imaginar como seria a tal maquina? Seria possível adquiri-la?
Quanto custaria afinal? Seria algo muito grande que os abrigaria aumentar o
tamanho da casa?
A comoção e impaciência aumentavam! Já se contavam regressivamente os
dias de tristeza.
Certa manha a esposa encontra o
cientista em meio a fios, pedras, martelos, pregos e outro tanto de
parafernália. O homem estava imóvel! A cara era como uma chapa de fogão quando
começa a avermelhar-se de tão quente. Era como se ele tivesse “engolido o sol”.
Quando o tocou Josephina, era o nome da mulher, teve de olhar para a sua mão
pra ver se não se haviam queimado os dedos.
O cientista ardia em uma febre
compulsiva.
Infelizmente o conto terminava desapontando a todos, especialmente as
crianças!
E o pai dizia: o inventor foi levado para um curador. Mas, já não havia
cura para ele! Naquele mesmo dia o inventor morreu. Ao enterro, pessoas de longe compareceram!
Todas, um pouco tímidas, um pouco enlutadas especulavam a respeito da tal máquina.
Houve aqueles que começaram a achar que ele escondia a máquina e não faziam
cerimonia para esticar um olho pra dentro do caixão pra ver se ele levava pro
além, o invento miraculoso. Ou, quem sabe estaria enterrado em algum lugar. Como
podia ser que alguém fosse tao egoísta de não querer compartilhar dessa tão
poderosa maquina? Certamente ele havia morrido porque não queria que ninguém
mais fosse tão feliz como ele! Outros começaram a cogitar a possibilidade de
ser o próprio ataúde a maquina da Felicidade! A esposa, em preto, chacoalhava a
cabeça em descrença: como podia ser que ninguém atinava que Não Há Maquina pra
tal felicidade!
Assim terminava o causo e quase sempre sem reflexão, sem cerimonias a
gente pedia pro pai contar outro. Um que “fosse alegre, que eles vivessem
felizes para sempre!”
Pra minha surpresa lendo um livro publicado em 1957 do autor
norte-americano Ray Bradbury intitulado The Dandelion Wine me deparo com a
mesma estória. Um pouco mais sofisticada, um pouco mais esclarecida! O
cientista logra criar a Maquina da Felicidade. Não sem perder peso, não sem
alguma privação. Nao! Ele sofreu pra criar a tal maquina.
Certo dia a esposa entra na maquina e logo sai em prantos e diz: isto e
a coisa mais triste do mundo!
Não, não pode ser! Lamenta o cientista.
-“Sunsets
we always liked because they only happen once and go away”[sempre gostamos do pôr do sol porque acontece uma vez e se vai embora] - diz a esposa.
Naquela noite a máquina da Felicidade pega fogo e enche a garagem de
chamas. Alguns amigos vem para ajudar. Depois de tudo controlado eles sentam e
passam a noite consolando uns aos outros. A perda tinha sido inimaginavelmente
grande!
Na manhã seguinte, o cientista
sobe alguns degraus e, como se fosse um gato com fome, espia pra dentro. Um pouco
cansado! Vê seus filhos a esposa, todos ocupados. Ele se volta pros amigos e diz:
"A primeira coisa que eu aprendi na minha vida foi que eu sou um tolo. A ultima,
e que eu continuo sendo um tolo! Vocês querem ver a maquina da felicidade? Uma
que eu patenteei há alguns anos atrás e que ainda funciona não bem todo o
tempo, não! Mas funciona!"
Eles sobem e olham pra dentro da casa. –"Aqui"- diz o
cientista- "fiquem quietos e verão". Eles solenemente esticam seus corpos pra ter
melhor visão. La estavam os meninos jogando xadrez, a esposa colocando os
talheres na mesa para o café –da- manhã, a menina tirando o vestidinho da
boneca. O outro menino brincando com os carrinhos.
Eles podiam sentir o cheiro de pão! De pão de verdade que seria coberto
com manteiga de verdade!
O cientista olha para os amigos e diz:" É isto! Ai esta a Maquina da
Felicidade".
*Escritora
e artista plástica. Mora em Colorado – EUA.