VENDO (E VIVENDO) BRASIL VERSUS MÉXICO
NO VELHO OESTE
Rose Siepamann (Pueblo – Colorado – EU)*
O evento da Copa do Mundo tem
mexido com muitas emoções e evocado as mais diversas manifestações de crenças e
mitos em muitos povos.
Aqui dedico, em estas poucas
linhas, a contar um pouco sobre as previas e o dito próprio enfrentamento
entre as nações do Brasil e do México no
Castelão em Fortaleza; que só pra refrescar, ocorreu na semana passada dia 17
de Junho.
A mim me tocou desde o inconfortável
sofá da sala ver no canal Univision em Espanhol às inúmeras pessoas comentando
o quanto o jogo poderia ser difícil, especialmente para os mexicanos que
estariam enfrentando a favorita e dona da casa a seleção brasileira e que por
isso apelar por ajudas do além não era apenas uma questão de crença, mas de
necessidade.
Os muitos feitiços incluíam velas,
fotos dos jogadores, panos pretos, pratos com água e outros. Pra dar força, pra
fazer a seleção mexicana mais audaz e poderosa, as dicas eram de que se
acendessem umas quantas velas brancas, queimassem incensos de alecrim e canela
e mais imprescindível ainda seria manter os jogadores brasileiros incapacitados
e inertes. Pra isso, uma foto dos nossos
“brasileirinhos” teria que ser colocada embaixo de um prato com água e
ervas...Pena que não lembro quais. Além de tornar o nosso time mais fraco,
também teria efeito de anular quaisquer macumbas e feitiços que os brasileiros
estariam fazendo para a seleção mexicana.
Por fim o grande momento chegou e meus
amigos mexicanos estavam nervosíssimos, mas crentes!
O senhor comentarista, em tom quase
solene fez as apresentações dos jogadores, ( vimos o Neymar emocionado durante
o Hino Nacional brasileiro) e em seguida
pra sinalar que a disputa começava disse: “y la pelota rueda!” esse narrador
cujo lamentavelmente deixei se misturar
entre tantos outros, estava agraciado com a organização do jogo. No entanto,
quando um jogador, dos nossos, sofreu uma falta ele acusou, (ou seria um
elogio) os jogadores brasileiros, de serem todos “formados nas melhores escolas
de artes cênicas e dramáticas do mundo!!”
O nervosismo era grande e a cada
minuto a impressão que se tinha era que os comentaristas se sentiam aliviados e
gratos que o Brasil não estava marcando gols. A
superioridade da nossa seleção não era necessariamente vista, mas
sentida. O quase privilegio misturado com orgulho de estar disputando um jogo
de copa do mundo com o Brasil em sua casa, não era escondido.
Eu gostaria de ter a capacidade de
transportar com palavras pelo menos algumas emoções que foi possível sentir
nesses 90 e tantos minutos. Os amigos mandando textos indagando como era
possível que o Brasil não estava ganhando!? Outros apenas contentes com o
resultado! Pra nós aqui longe do Brasil e do México (brasileiros e mexicanos)
foi um momento pra relaxar e sentir orgulho de estarmos juntos em algo tão
significativo. Foi uma oportunidade para reforçar o sentimento de que somos hermanos,
e que a nacionalidade jamais vamos perder, mesmo que estejamos a poucos passos
de conquistarmos a cidadania americana. Somos sim, brasileiros, mexicanos,
latinos, hispanos. Com muito orgulho! Essa disputa se apagara em alguns anos ou
quem sabe antes, mas o que nos uniu nessas horas ficara dentro de nos. Foi um
encontro, uma troca, uma festa!
E antes que eu conclua! Sabe que eu
ando desconfiada? (não me tenham por ingênua, eu sei dos milhões de problemas
que nosso país tem, e por ignorância deixo alguns escapar. Sei que milhões de
brasileiros estão vibrando e torcendo pelo país, especialmente agora, mas ainda
assim....) Desconfio seriamente que os
que menos apreciam o Brasil............................. São os brasileiros!
Daqui dos
Pueblos do velho Oeste todos mandam beijos à nação!
*Rose Siepamann é artista plástica,
cronista e contista. Mora em Pueblo, Colorado – Estados Unidos